São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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INSTINTO ESPORTIVO

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O homem abandonou as caçadas, mas elas não o deixaram. Essa é uma constatação da etologia.
A sobrevivência se tornou independente da caça em um processo que, iniciado com o surgimento da agricultura e do sedentarismo, foi acelerado a partir da Revolução Industrial, no século 19. É nessa época que o esporte, substituto das caçadas, ganha espaço nas sociedades urbanizadas.
Alguns esportes guardam relação óbvia com a caça, como o arco e flecha ou a tourada. As modalidades surgem nos países mais industrializados. Por exemplo, o squash é regulamentado em 1820, na Inglaterra; e o beisebol em 1839, nos EUA.
Segundo a etologia, os troféus e as medalhas são representações atenuadas das presas. As manifestações de triunfo, que em princípio eram contidas, se tornaram desmedidas.
"Os futebolistas são os mais gratificantes de todos os conquistadores de hoje, executando manifestações de triunfo. Nem sempre foi assim. Há alguns anos, o marcador de um gol muito esperado era saudado com tapinha nas costas", escreve o inglês Desmond Morris, um dos divulgadores da etologia.
Um estudo norte-americano, pesquisando o prosaico boliche, demonstrou que as comemorações dos atletas estão condicionadas ao público à sua volta.
Nessa pesquisa, verificou-se que os jogadores não esboçavam a mínima reação após um strike (derrubada de todos os pinos), mas, ao virarem para os outros competidores, começavam a pular e gritar. Da mesma forma, futebolistas e pilotos multiplicam sua reação segundo a pressão dos torcedores.
(RB)

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