São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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França ergue castelo com técnica medieval

Obra deve demorar 25 anos para ser concluída

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Construir um castelo com as características e usando técnicas do século 13 é o objetivo de um projeto que está em andamento em Saint-Fargeau, centro da França.
O trabalho começou há cerca de dois meses. Deve durar 25 anos. "O canteiro de obras vai ser vivo e dinâmico. Queremos que as pessoas acompanhem e aprendam com a construção do castelo", diz Maryline Martin, uma das primeiras a aderir à idéia. As obras serão abertas ao público em abril ou maio de 1998.
O aprendizado é, ao lado da paixão pela Idade Média, a principal motivação dos envolvidos no projeto. "Vamos poder testar as teorias sobre as técnicas de construção medievais", afirma Jacques Moulin, autor do projeto do castelo de Guédélon (nome da floresta onde ele está sendo construído).
O respeito às técnicas originais abrange todas as etapas da construção -a extração das pedras, a talha dos blocos, a forjadura do ferro, entre outras.
Atualmente, a construção está na fase das fundações e da produção de blocos de pedra e de vigas de madeira. "Precisamos produzir e estocar material. Na Idade Média, os estoques existiam porque a construção de castelos ocorria frequentemente", afirma Moulin.
Além de reconstituir e experimentar técnicas antigas, a intenção é permitir que os visitantes vivenciem, em pleno século 20, a Idade Média. "Existe uma função turística óbvia, mas acredito que quem tiver contato com a obra vai melhorar seu entendimento da Idade Média", diz Moulin.
Estudantes, historiadores, curiosos e apaixonados pela Idade Média (o período histórico entre os séculos 5 e 15, aproximadamente) devem prevalecer entre os frequentadores, opina Nicolas Faucherre, historiador e arqueólogo da Universidade de La Rochelle e consultor do projeto.
Iniciativa privada
A idéia de construir o castelo surgiu há cerca de 18 meses. A obra é uma iniciativa privada, coordenada pela associação formada especialmente para viabilizá-la.
Cada membro doou 150 francos (cerca de US$ 25) e se comprometeu a trabalhar em regime de meio período oito dias ao ano durante a construção do castelo.
Mas a maior parte do financiamento da obra deve vir do que for arrecado com as visitas, a partir do próximo ano. Nem o arquiteto Moulin nem Maryline souberam dizer qual vai ser o custo total da obra. De início, foram arrecadadas doações da ordem de US$ 670 mil.

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