São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997
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Compra da Ceval valoriza ações da Santista

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A compra da Ceval Alimentos pelo grupo argentino Bunge está confirmando a grande expectativa de crescimento anunciada em vários relatórios de analistas de investimentos nos últimos meses.
Como não poderia deixar de ser, a Santista Alimentos, que é o braço do setor de alimentos da Bunge no Brasil, está sendo premiada com boas recomendações de compra.
Ainda não está claro se a Santista incorporará ou não a Ceval, já que as negociações com a Cia. Hering, controladora da Ceval, são conduzidas pela Bunge International.
Caso a resposta seja positiva, não se sabe se a incorporação será total ou de apenas uma parte da empresa de Santa Catarina, possivelmente a de esmagamento de soja.
Mesmo com toda essa indefinição sobre o modelo da aquisição, parece não haver dúvidas sobre o benefício que trará à Santista.
"A sinergia entre as duas empresas é quase imediata. As empresas podem estar contabilmente separadas, mas fundidas em suas estruturas", diz Marcelo Cavalheiro, analista da Síntese Corretora de Valores.
No início de agosto, a corretora distribuiu uma análise da Santista recomendando a compra de suas ações, devido ao "foco estratégico bem definido, boa situação financeira e política de incremento" por meio da compra de empresas.
Para Cavalheiro, o uso do sistema de distribuição da Santista pela Ceval deve render boa receita e economia de custos. "As despesas de vendas e administrativas vão cair em relação ao faturamento", avalia.
"Não tenho dúvidas de que a compra da Ceval será boa para a Santista já no curto prazo", afirma Teresinha Moniz, analista do Banco Fator, que elevou a recomendação de Santista Alimentos ON de "manter" para "comprar" no final de junho.
Moniz acredita em um melhor aproveitamento dos moinhos de esmagamento de soja e em uma gestão mais eficiente dos estoques. "Haverá um poder de barganha enorme na compra de soja."
Aquisições
Desde que, em 1994, a Bunge decidiu apostar em apenas dois setores no Brasil, o de fertilizantes e o de alimentos, todas as suas ações têm sido nesse sentido. Desfez-se da empresa de cimentos e de sua participação na seguradora Vera Cruz e passou a fazer pesadas aquisições nos setores prioritários.
Algumas das aquisições feitas pela Santista nos últimos dois anos mostram o apetite do grupo Bunge pelo setor: Plus Vita, líder do setor de pães no Rio de Janeiro; Pullman, uma das maiores do setor de pães em São Paulo; Covebrás, que detém 57% do mercado de margarinas do Nordeste; Moinho Ideal, mais moderna e nova indústria de trigo do país; e Incobrasa, maior esmagadora de soja do Rio Grande do Sul.
E tudo indicava que outra compra estaria por vir. "A quantidade de dinheiro que a Santista vinha mantendo em caixa mostrava que ela estaria adquirindo alguma empresa de porte", diz Moniz.
O balanço de junho de 97 mostra que a Santista carregava nada menos que R$ 317 milhões em aplicações de liquidez, o que é considerado caixa.
O investidor disposto a seguir as recomendações de comprar Santista Alimentos ON pode esbarrar em uma séria dificuldade que faz com que o mercado não goste muito desse papel: ele é pouco líquido.
Outro fator negativo mencionado em algumas análises é o fraco resultado da empresa. O lucro líquido foi de R$ 3,58 milhões no primeiro semestre, considerado ínfimo para uma companhia que deve faturar R$ 1,8 bilhão em 97.
Para Eduardo Roche, analista do Banco Boavista, esse resultado é consequência dos grandes investimentos feitos para a compra de outras empresas.
Por conta disso, Roche acredita que os papéis da Santista estejam em um preço justo no curto prazo, podendo ganhar maior gás dependendo do modelo de compra da Ceval.
Teresinha Moniz, do Fator, acredita que as ações estão baratas. O mesmo calcula a corretora Síntese.

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