São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997
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Bancos emprestam mais e ampliam fontes de crédito

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O endividamento dos bancos está aumentando. Quase dobrou, em termos relativos, de 1993 a 1997. Mas, ao contrário do que ocorre em outros setores, esse não é necessariamente um mau sinal, como seria no comércio e na indústria, por exemplo.
É, sim, sintoma da própria estabilização da economia. Como os bancos estão emprestando mais dinheiro, estão também tendo de captar mais recursos.
Em 1993, quatro grandes fontes de empréstimo bancário -instituições oficiais, não-oficiais, recursos externos e emissão de títulos- correspondiam a 7,66% do passivo total dos bancos, segundo a consultoria Austin Asis. No primeiro semestre de 1997, essa proporção já era de 13,14%.
A fonte de recursos que teve maior demanda foi a externa. Em 1993, os empréstimos dos bancos no mercado internacional representavam 5,96% do passivo total. Nos primeiros seis meses deste ano, já alcançavam 10,5%.
Opção barata
"Com a estabilização da economia, os bancos estão tendo de ampliar as fontes para obtenção de recursos, e o mercado externo está se mostrando uma opção mais barata", diz Mário Alberto Lopes Coelho, diretor da Austin Asis.
O empréstimo no exterior chega a custar aos bancos cerca de 5% em média ao ano mais câmbio, bem mais baixo do que no Brasil.
"E a grande vantagem do banco é o fato de ele emprestar esse dinheiro no país a 7% ao mês, chegando a 13% ao mês no caso do cheque especial."
A busca pelos bancos com mais recursos é necessária, na avaliação de Pedro Guimarães, analista do setor bancário do Bozano, Simonsen, porque acabou o ganho dessas instituições com a inflação. "A inflação era uma fonte brutal de receita para o banco. Isso acabou", avalia.
Guimarães diz que os bancos estão, de fato, muito mais endividados (compromissados com o pagamento de empréstimos) do que antes do Plano Real, mas esse já era um "caminho esperado".
Operações de crédito
Levantamento do Bozano, Simonsen, diz o analista, mostra que as operações de crédito (a demanda por recursos dos bancos brasileiros) aumentaram significativamente.
O montante dessas operações, segundo Guimarães, representa atualmente 30% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Antes do Plano Real, correspondia a algo entre 20% e 22%.
"Isso mostra que os bancos brasileiros estão se adaptando a uma fase de inflação baixa", diz. Ele afirma que, no Chile, esse percentual chega a 60%; nos Estados Unidos, a 100%; no Japão, a 160%.
Para Roberto Setubal, presidente do Banco Itaú e da Febraban, a busca de mais recursos por parte dos bancos e o aumento da demanda pelo dinheiro das instituições mostram uma maior atividade financeira.
"É bom e natural. O que tem havido, na verdade, é um alongamento das carteiras de empréstimo dos bancos", diz.

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