São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 1997 |
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Festival de curtas exibe sexo e samba
JOSÉ GERALDO COUTO
Exibido no último Festival de Gramado, o filme deixou muita gente perplexa com sua obscenidade, anunciada desde a primeira fala, a ponto de poucos perceberem que se trata de uma comédia de costumes absolutamente sintonizada com a cultura urbana de nossa época. Dois jovens de classe média (Pedro Santos e Marco Sório) chamam duas prostitutas (Luciene Adami e Daniela Schmitz) para uma noitada em seu apartamento. Antes, durante e depois das transas, sempre ao som de um Beethoven sintetizado, de churrascaria, os quatro travam os diálogos mais disparatados, numa espécie de curto-circuito cultural. Os rapazes são "antenados" e metidos, emendando uma citação atrás da outra, enquanto as garotas são pura alegria e desinformação. A certa altura, por exemplo, um dos sujeitos diz: "Você me lembra a Jocasta, mãe do Édipo". A garota responde: "Ah, você me acha parecida com a Vera Fischer?". Há piadas de uma grosseria irresistível. Com a cabeça entre as pernas de Luciene Adami, um dos rapazes pergunta: "Você usa Phebo Patchuli, né?". E por aí afora. Ou adentro. Nelson Sargento Mas nem só de baixaria vivem os novos curtas nacionais. Hoje também é dia de "Nelson Sargento" (20h, no Centro Cultural São Paulo), sensível documentário sobre o célebre sambista e seu mundo, o morro da Mangueira. Dirigido por Estevão Ciavatta Pantoja, o filme mistura depoimentos do próprio Nelson Sargento a entrevistas com Paulinho da Viola, Sérgio Cabral, Cacá Diegues e moradores do bairro, sempre ao som dos sambas mais memoráveis do homenageado. Um dos momentos mais fortes é o encontro de Sargento com o velho compositor Carlos Cachaça, que aos 94 anos vive sozinho em seu barraco no alto do morro. É todo um país em via de desaparecimento -o da refinada cultura do samba carioca- que o documentário retrata e reverencia, com uma delicadeza singular. Por fim, às 22h no MIS, há a chance de ver "A Grade", mais uma experiência minimalista e rigorosa do jovem Philippe Barcinski, um dos mais talentosos cineastas da novíssima geração. Texto Anterior: CRONOLOGIA Índice |
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