São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Coelhos

SEBASTIÃO NASCIMENTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Criar coelho no Brasil dá lucro. É o que afirmam dois antigos criadores paulistas: Benjamin Sleider, 77, e Laerte Tvardoskas, 46, ambos de origem européia.
Sleider cria há 30 anos; Tvardoskas há 16.
Em Mogi da Cruzes (50 km a leste de São Paulo), a granja Criex, de Sleider, tem 50 mil animais e fornece 15 t de carne por mês a supermercados, como Pão de Açúcar, Barateiro e Paes Mendonça.
A Criex ainda vende mensalmente 3.500 coelhos vivos para clínicas médicas e universidades, como a USP.
Sleider trabalha com raças puras, como a nova zelândia branca, califórnia e gigante alemão, além do coelho cross, resultado de cruzamento.
"Há um grande espaço para a cunicultura no país. O brasileiro está adquirindo o hábito de consumir carne de coelho", diz Sleider.
A França consome perto de 500 milhões de coelhos por ano. Já no Brasil, o consumo está por volta de 360 mil animais por ano, segundo estimativa dos criadores.
"Não estamos conseguindo atender aos pedidos. Depois que a carne de coelho chegou aos supermercados, a demanda cresceu muito", diz Sleider.
O interesse dos consumidores pela carne de coelho engordou a margem de lucro dos criatórios, segundo Sleider.
"Os supermercados pagam hoje R$ 5,50 pelo quilo da carne. E aqui na granja os custos de produção não ultrapassam R$ 2,80/quilo", diz o proprietário da Criex.
Raça precoce
Pequeno criador em Campo Limpo Paulista (45 km a norte de São Paulo), Laerte Tvardoskas vive exclusivamente da atividade.
Ex-publicitário, ele resolveu fugir da vida agitada de São Paulo para fundar, com a mulher Helena, a granja Bela Vista.
Passados 16 anos, Tvardoskas se diz orgulhoso por ter conseguido formar uma nova raça de coelhos, a cross bela vista.
"A grande vantagem é que ela atinge o peso ideal para abate (2,3 quilos) aos 70 dias", explica ele.
Nascido do cruzamento entre as raças gigante alemão (mais rústica) e as raças nova zelândia branca e califórnia (mais precoces), a cross bela vista é solicitada em diversas regiões do país.
Entre a clientela da granja figuram o cirurgião plástico Ivo Pitangui e o cantor sertanejo Sergio Reis.
A Bela Vista possui um plantel de cem matrizes e dez reprodutores.
As fêmeas geralmente são vendidas a iniciantes da criação. Há alguns anos, Tvardoskas passou também a negociar reprodutores.
"Os criadores mais experientes costumam adquirir meus coelhos para evitar a consanguinidade em seus rebanhos", diz Tvardoskas.
Nascem na granja 300 animais por mês. Laerte cobra R$ 45 por uma matriz de 90 dias e R$ 50 por uma de 120 dias.
Cada fêmea gera em média sete filhotes.
Os coelhinhos mamam até os 40 dias de vida. A partir dos 21 dias, eles começam a ter sua dieta balanceada com ração.
Os animais são criados em gaiolas; os machos são separados das fêmeas.
Apesar de trabalhar com venda de matrizes e reprodutores, Tvardoskas confirma a boa margem de lucro da atividade.
"O criador consegue R$ 5,50 pelo quilo de coelho, o que permite lucro de R$ 1,90/quilo", diz.
Segundo ele, são necessários cinco quilos de ração para cada quilo de coelho vivo.
Assim, quando atinge os 2,3 quilos, o animal já consumiu dez quilos de ração.
A ração custa R$ 0,30 o quilo. Ou seja, as despesas com ração até o abate atingem R$ 3 por animal.
O custo de produção de cada coelho, segundo ele, é de R$ 3,60.
Laerte vende pele para os curtumes (R$ 0,60 o quilo) e cérebro do coelho para laboratórios (R$ 0,25 a unidade).

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