São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Sertanista é "ave rara", diz antropólogo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O sertanista é uma profissão em extinção.
"É uma ave rara na Funai", afirmou o antropólogo da entidade Antonio Pereira Neto.
Segundo Pereira Neto, o último curso da Funai de técnico indigenista, necessário na formação do sertanista, foi em 1985.
O sertanista não precisa necessariamente ter curso superior. Ele tem que conhecer a natureza.
"O sertanista tem que saber ler a mata, não precisa ser escolado. Temos sertanistas analfabetos e maravilhosos. O cara vê a mata como o índio", disse Pereira Neto.
Experiente
Pereira Neto foi administrador da Funai em Altamira (PA) e chefe do auxiliar de sertanista Raimundo Batista Magalhães, o Sobral, morto pelos índios corubos.
"Sobral era muito querido. Era experiente para entrar numa fria, tinha muita segurança", disse Pereira Neto.
Sobral participou da equipe do antropólogo Sidnei Possuelo, chefe do Departamento de Índios Isolados da Funai, que em outubro do ano passado fez o primeiro contato formal com os índios corubos, também conhecidos como caceteiros.
O auxiliar de sertanista foi o oitavo funcionário da Funai a morrer em contato com os corubos, em mais de vinte anos.
Ataque
Segundo a assessoria de imprensa da Funai, Possuelo, que chegou ontem ao local da morte, afastou a hipótese dos corubos estarem reagindo a um ataque recente de madeireiros.
Durante a operação em que morreu, Sobral fez um contato prévio com cinco índios e foi com dois funcionários da Funai entregar presentes.
Porrete
Sobral era o que estava mais próximo dos corubos.
Um colega de Sobral chegou a ser acertado nas costas, mas conseguiu fugir.
O auxiliar de sertanista foi enterrado ontem pela manhã. Ele tinha seis filhos de dois casamentos.

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