São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997 |
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Paciente em tratamento pede aborto legal
PRISCILA LAMBERT
A auxiliar de cozinha Maria Lucimar D., 40, procurou o hospital para realizar um aborto. Ela engravidou por descuido enquanto fazia tratamento quimioterápico para curar um caso de câncer na mama. Lucimar passou por uma cirurgia em março deste ano e retirou o seio esquerdo. Quando descobriu que estava grávida, por ordens médicas teve de interromper as sessões de quimioterapia. "Estou correndo risco de vida, já que o tratamento foi interrompido. Além do mais, os médicos disseram que as drogas usadas no tratamento devem causar danos ao feto. Estou muito desequilibrada e com baixa resistência por causa da doença e não tenho condições físicas nem psicológicas para ter um filho", diz. "Do ponto de vista fetal, a gravidez é quase que inviável por causa das drogas aplicadas com a quimioterapia. Mas não existe um risco de vida iminente para a mãe." A legislação permite o aborto em casos de estupro ou risco de vida materno. Quando há má-formação fetal, sua realização depende de sentença judicial. Maria Custódia afirma que Lucimar pode voltar a ter câncer com a interrupção do tratamento. "Mas é uma possibilidade. A lei só trabalha com casos concretos." A gestante já passou por uma entrevista com psicólogas do Jabaquara. Na próxima quinta-feira, seu caso será avaliado por uma comissão formada por obstetras, psiquiatras e psicólogos do hospital. O diretor do hospital Jabaquara, Thomaz Antonio Cardoso de Almeida, considera o caso delicado. "Não é possível constatar a má-formação do feto antes da 20ª semana de gestação. Mas se a comissão decidir que Lucimar corre risco de vida, o aborto será realizado. Pessoalmente, acho que a comissão tem uma tendência de votar favoravelmente à interrupção." Texto Anterior: Unicamp 'libera' médicos para abortos Próximo Texto: Campanha de sarampo atingiu meta em SP Índice |
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