São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Efeito Encol paralisa venda de imóveis

FÁTIMA FERNANDES
MAURO ARBEX

FÁTIMA FERNANDES; MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

Imobiliárias e construtoras de São Paulo reduziram comercialização em até 50% no último final de semana

A crise da construtora Encol está paralisando as vendas do mercado imobiliário. Levantamento feito em São Paulo pela Folha junto a construtoras e imobiliárias mostra que nas últimas duas semanas -quando começaram a se agravar os problemas na Encol- o consumidor se retraiu e as vendas de apartamentos novos caíram.
Neste último final de semana, algumas imobiliárias registraram queda de até 50% nos negócios. "Depois do caso Encol, o cliente pensa mil vezes antes de fechar a compra de um imóvel", afirma Dora Alice Pires, diretora de vendas da Ação Imóveis, que tem seis lojas espalhadas pela cidade.
Segundo ela, o consumidor está muito inseguro desde que surgiram as primeiras notícias de que os clientes da Encol podem não receber seus imóveis.
"O consumidor está levando 30 dias para fechar a compra de um apartamento. Antes, demorava uma semana. Ele está muito mais preocupado com toda a documentação do imóvel", diz Fábio Rossi Filho, diretor da Itaplan Imóveis, que só trabalha com a venda de lançamentos novos.
A construtora Inpar, que tem 18 obras em andamento em São Paulo, sentiu os reflexos do problema mais intensamente neste final de semana. Conforme Gerson Luiz Bendilati, diretor da empresa, as visitas aos estandes e as vendas despencaram. "Isso se deve à crise na Encol", afirma.
Para Bendilati, o problema deve ter reflexos no mercado por mais algumas semanas, afetando, principalmente, os imóveis residenciais. No caso dos lançamentos mais dirigidos a investidores, como flats, as vendas, por enquanto, estão normais.
A Júlio Bogoricin Imóveis constatou retração de cerca de 10% na procura por apartamentos novos com o agravamento do caso Encol. "O grande receio do cliente é adquirir imóvel que não tenha garantia de uma grande instituição financeira", afirma o diretor José Maria Pina Gouvêa Neto.
Para especialistas ouvidos pela Folha, o setor de imóveis usados pode sair fortalecido com a crise.
É que o temor do consumidor em adquirir um imóvel na planta pode redirecioná-lo para o segmento de usados, na opinião de Alice Pires, da Ação Imóveis.
Ricardo Yazbek, presidente do Secovi, sindicato que reúne imobiliárias e construtoras de São Paulo, admite que o problema na Encol "arranhou o mercado imobiliário". Mas por enquanto, diz, é difícil medir o estrago no setor.

LEIA MAIS sobre Encol na pág. 2-12

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