São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Villa-Lobos vira 'fábula' em 35 mm

DENISE MOTA
DA REDAÇÃO

O compositor carioca Heitor Villa-Lobos (1887-1959), a partir de setembro, será casado com Glória Pires -e depois Letícia Spiller-, terá como melhor amigo José Wilker e seus pais se chamarão Marieta Severo e Cláudio Marzo.
Em tempo: o autor da popular composição "O Trenzinho do Caipira" e das eruditas "Bachianas Brasileiras" será Marcos Palmeira e, no auge da carreira, além do inseparável charuto, ostentará o rosto de Antonio Fagundes.
Tudo isso porque Villa-Lobos é tema do mais novo filme do cineasta cearense Zelito Viana, longa que ainda deve contar com a participação de Vera Fischer.
Em "Villa-Lobos, uma Vida de Paixão", projeto orçado em R$ 5 milhões que data de 1972, Viana contará a história da vida do compositor desde os 9 anos de idade.
"O filme é uma fábula musical, inspirada na obra de Villa. Fazemos como se o filme se passasse dentro da cabeça dele. Como se fossem recordações", diz Viana.
Dessas lembranças fazem parte as viagens que Villa-Lobos fez pelo Brasil -combustível para o folclore que marcou sua produção musical- e pelo mundo -consequência do reconhecimento profissional alcançado no exterior.
A infância e parte da vida adulta de Villa-Lobos serão filmadas no Rio. Ceará e Belém serão os cenários da viagem de três anos que o compositor fez pelo Brasil, quando jovem. Algumas cenas também serão feitas em Paris.
Tentativas
Villa-Lobos já povoava a mente de Zelito Viana desde os anos 70, quando o diretor planejava escrever um roteiro sobre a vida do compositor para ser filmado por Glauber Rocha. "Mas ele preferia interpretar o Villa", afirma Viana.
O diretor na época mantinha, desde 65, com Glauber Rocha, Walter Lima Jr. e Paulo César Saraceni, a Mapa Filmes, produtora com que Viana trabalha até hoje.
"Em 85, decidi iniciar o projeto para finalizar o filme a tempo de ele participar das comemorações do centenário de Villa-Lobos, que aconteceriam em 87."
Para isso, Viana diz ter conseguido co-produção francesa e recursos da Embrafilme. "Mas aí veio o governo Collor, e a Embrafilme acabou."
Nos anos 90, nova tentativa. O cineasta, após fazer um curso com o roteirista norte-americano Syd Field, mandou o texto para Field, que fez mudanças no script.
É esse roteiro que guiará as filmagens, previstas para começar em 16 de setembro. Na trilha estarão obras como as "Bachianas Brasileiras" e "Uirapuru".
O longa, que de acordo com os planos de Viana deve estar finalizado até abril do próximo ano, terá distribuição também nos EUA, graças à co-produção com o norte-americano Joseph Dial, integrante da Texas Film Commission.

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