São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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"Amigo, Roger, Desligo" será lida hoje

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Amigo, Roger, Desligo", texto de Felinto que será lido hoje, às 20h, no restaurante do 11º andar da Folha, terá participação de quatro nomes de peso do teatro brasileiro: Bete Coelho (que também dirigirá a leitura), Marco Ricca, Giulia Gam e Lígia Cortez.
"Amigo, Roger, Desligo", expressão que significa "câmbio final" ou "câmbio, desligo" na linguagem de radioamador, é uma peça que mistura drama, suspense e comédia (com mais ironia que escracho).
"Escrevi o texto quando estava em viagem a Denver (Colorado, EUA). Foi a primeira vez que vi neve e pirei naquele lugar gélido. Naquele momento, resolvi ganhar a aposta", disse Felinto.
O texto traz uma mulher, Larissa, que está fugindo de algo que ninguém sabe ao certo o que é. "Algo que ela fez de errado", diz Marilene Felinto. "Ela tem que cumprir uma função secreta."
Esse é o pretexto para que Larissa se encontre com outros três personagens -o casal de amigos Zed e Ana e a amiga Zara - em uma estação de esqui na Suíça.
"É uma babel, porque o homem, que na verdade é o amigo de infância de Larissa, é um brasileiro que tem sotaque português. Sua amiga, Zara, é uma australiana. Todos se encontram na Suíça", explica Bete Coelho.
No texto, ocorrem diversos conflitos entre os personagens. "De todas as espécies", afirmou Bete Coelho, "políticos, amorosos, afetuosos, financeiros, sexuais." Já para Marilene Felinto, o conflito maior é saber o que a protagonista fez e do que ela foge.
"Na peça aparece a crueldade que Marilene tem em seus textos analíticos. Uma aridez e um anti-romantismo muito bem costurados no texto dramático", diz Coelho.
Felinto rebateu com autocrítica: "O texto surgiu de uma brincadeira que não deveria se tornar pública. Não existe possibilidade de montagem. Só escrevo prosa. Não sei escrever peça".
"Existem todas as possibilidades de montagem", disse Coelho. "O texto é muito bem escrito. Pula de um tempo dramático para outro sem intervalo. Da comédia para o nonsense e daí para o drama. Aliás, a história renderia também um belo roteiro de cinema", completou ela.
Coelho afirmou que ao longo do texto as frases são ditas pelos personagens, mas que, em segundo plano, existe um jogo em que o significado do que os personagens dizem é o contrário do que gostariam.
"É a grande força dramatúrgica de Larissa, a personagem que farei na leitura. O interessante da peça não é a narrativa, mas sim o que é dito pelos personagens."
A leitura acontecerá no 11º andar da Folha, onde fica a lanchonete e o restaurante, porque o ambiente da peça é um bar. "Também acho legal sair do auditório, um espaço convencional", disse a atriz.

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