São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Socialista aponta perseguição

RODRIGO ONIAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE BERLIM

O presidente do PDS (Partido do Socialismo Democrático, sigla em alemão), Lothar Bisky, 56, disse à Folha que o julgamento de Krenz não foi justo e que o governo alemão quer "criminalizar todo o regime" da antiga Alemanha Oriental, O partido é sucessor do antigo Partido da União Socialista da Alemanha (SED), que controlava o regime. A seguir os principais trechos da entrevista.(RO)
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Folha - O veredicto surpreendeu?
Lothar Bisky - Não, não fiquei surpreso. Mas nós não o saudamos de forma nenhuma. Segundo os tratados da reunificação, crimes ocorridos na República Democrática Alemã só podem ser julgados segundo a lei da República Democrática Alemã.
Folha - Krenz disse lamentar não ter podido fazer nada para interromper as mortes no Muro. Até que ponto ele é responsável?
Bisky - Sozinho, Krenz quase não tinha poder. Ele era politicamente responsável pelo regime, e ele deixou o governo depois que os alemães orientais reivindicaram a sua saída. Sem a URSs, ele não podia fazer nada. Ele não pode ser criminalmente responsabilizado.
Folha - A URSS determinava a política de emigração?
Bisky - Sim. Reagan, quando pediu o fim do Muro de Berlim, dirigiu-se à URSS, não à Alemanha Oriental. A defesa de Krenz tentou mostrar isso com várias testemunhas, que foram rejeitadas. Por que apenas condenar Krenz? O governo quer criminalizar todo o regime alemão oriental.

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