São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 1997
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Jenny Holzer volta on line e em livro

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Jenny Holzer está de volta. Uma das mais influentes "terroristas da arte", a norte-americana relança agora sua bíblia: o catálogo da retrospectiva realizada em 89/90 no Guggenheim Museum de NY e esgotada no mesmo ano -para desespero dos fãs.
Explica-se: o meio de trabalho de Holzer são os espaços públicos, onde ela dispõe suas máximas como poesia escrita na selva das cidades e, portanto, sem registro no papel.
Para alegria desses fãs, a obra de Holzer encontra agora espaço também na Internet, onde páginas e mais páginas mantêm seu trabalho como ele é nas ruas e museus por que passa: vivo, em movimento.
Em um deles, o da Adaweb (http://www.adaweb.com/project/index.shtml), o espectador interage (como convém) com os mais célebres truísmos de Holzer, na obra especialmente criada para a rede, "Please Change Beliefs" (algo como favor mudar os credos).
Nela, o visitante pode escolher um dos aforismos e mudá-lo como quiser -e a nova versão entra para o novo compêndio à disposição no próprio site. Outra opção é votar em qual das frases listadas a pessoa acredita, e o resultado do número de votos vira também uma nova relação.
Uma conversa realizada com a artista está à disposição no site (leia abaixo), no qual ela revela que adora conferir essa interação em seu computador.
Holzer apareceu no início dos anos 80 e logo conquistou o público e a crítica de arte. Seu primeiro grande golpe no estômago da criação artística foram suas "Messages to the Public" colocados no display do Times Square, centro de Manhattan, em 82. Em 85/86 veio o famoso momento "Protect me From What I Want" (proteja-me do que eu quero).
A provocação é o objetivo, sempre de cunho humanitário e feminista, muitas vezes dentro do terreno da política sexual. Suas armas: a própria cultura de massa, frases simples, com estrutura de slogans, remetendo à linguagem direta da publicidade e da TV.
Estupros, guerras, o nascimento da filha e o holocausto passam pelo filtro de Holzer, que, a partir do final da década, avança também pelo terreno da literatura.
Sobre os definitivos "Truisms", Holzer comenta, no texto do catálogo: "Tento lidar com eles como se parecesse que foram ditos há centenas de anos, mas na verdade as frases são minhas".

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