São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Cadeira no conselho custaria o dobro ao país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, disse ontem que o Brasil terá de desembolsar mais que o dobro do que paga hoje à ONU (Organização das Nações Unidas) se vier a ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança.
Ocupando uma vaga permanente, o gasto subiria para aproximadamente U$ 80 milhões.
O chanceler brasileiro afirmou que o país é contra a criação de vagas de terceira ou quarta categorias (vagas em rodízio e sem poder de veto). As novas vagas devem ter as mesmas prerrogativas das atuais, segundo ele.
O ministro esteve ontem na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados para falar sobre a reforma do conselho.
Atualmente, o conselho é formado por cinco membros permanentes (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido) e dez não permanentes (escolhidos pela ONU a cada dois anos).
Há uma proposta para aumentar o número de vagas permanentes para dez. Os Estados Unidos defendem a inclusão da Alemanha e do Japão e mais três vagas para países em desenvolvimento da América Latina, África e Ásia.
O Brasil deverá se candidatar assim que o número de novas vagas e a maneira como os países serão escolhidos forem definidos.
Para um país ser aprovado, precisa dos votos de dois terços dos países que integram a ONU e não ser vetado por nenhum dos cinco permanentes.
Lampreia reafirmou que não há possibilidade de a recente crise com a Argentina abalar as relações no âmbito do Mercosul.
"Esses fatos não seriam capazes de desmontar o trabalho de construção de confiança que nossos países desenvolvem há mais de uma década."
A decisão dos Estados Unidos de suspender o embargo à venda de armas à América Latina foi discutida na reunião de cúpula do Grupo do Rio, em Assunção, no último fim-de-semana.
Segundo Lampreia, México e Colômbia sugeriram que se organizasse um boicote às armas norte-americanas, mas os demais países decidiram que não havia motivo para essa medida.
Sobre os exercícios militares realizados em conjunto pelo Brasil e pela Argentina, Lampreia afirmou que são simulações de operações de paz da ONU.
"Esses exercícios não têm conotação de repressão para nenhum dos dois países", disse.
Sobre a possível instalação de um escritório do FBI (a polícia federal dos EUA) no Rio de Janeiro, Lampreia disse que é uma medida para combater o narcotráfico, o terrorismo e o crime organizado.

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