São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Dono propõe 'venda simbólica' de ações a mutuários e funcionários

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O sócio majoritário da Encol, Pedro Paulo de Souza, propôs a venda de suas ações para os mutuários e funcionários da empresa por um valor simbólico.
Ele tem participação de 84% do total de ações da construtora. A intenção alegada seria passar esse controle aos mutuários e funcionários para que a empresa tenha credibilidade e consiga novos financiamentos.
Ieda Mazucatto, diretora da Associação Nacional dos Mutuários da Encol, disse que representantes dos clientes de 16 Estados vão se reunir amanhã, em São Paulo, para discutir a proposta. Segundo ela, não há como avaliar qualquer sugestão sem ter os números realistas da empresa.
"Ainda não temos uma posição oficial sobre o assunto", afirmou.
Essa proposta é de difícil implementação porque os mutuários teriam que ter recursos em caixa para pagar, em primeiro lugar, R$ 4 milhões ao INSS. Essa dívida tem que ser quitada já porque é apropriação indébita -a empresa recolheu a contribuição dos funcionários e não repassou ao INSS.
Os novos sócios precisariam também de R$ 300 milhões para iniciar as obras. São 710 empreendimentos inacabados, 42 mil mutuários e 12 mil funcionários.
O promotor de Justiça de Defesa dos Direitos do Consumidor Trajano Sousa de Melo disse que a proposta de falência negociada não pode ser aplicada na prática porque o governo não pode abrir mão de receber seus créditos.
Na sua opinião, uma decisão como essa não pode prejudicar o restante da população. "Não vejo justificativa social para ter privilégios", afirmou. Ontem, prestou depoimento na promotoria o diretor da Encol Antônio Mazalli. Hoje, os promotores vão conversar com dois bancos credores da construtora para tentar elaborar uma solução para o caso.

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