São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Paralamas aproveita seu segundo fôlego

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Comemorando o "segundo fôlego" da banda, na expressão do baterista João Barone, os Paralamas do Sucesso resolveram "batê lata" lançando "Pólvora", uma caixa de metal com seus oito álbuns iniciais remasterizados.
A gravadora EMI já desovou a fornada de 5.000 cópias nas lojas. Quem quiser um exemplar tem que se apressar, pois o estoque não será reposto.
Mas os oito CDs -"Cinema Mudo" (83), "O Passo do Lui" (84), "Selvagem?" (86), "D" (87), "Bora-Bora" (88), "Big Bang" (89), "Os Grãos" (91), "Severino" (94)- serão postos à venda individualmente no próximo mês.
A caixa serve para Barone, o guitarrista Herbert Vianna e o baixista Bi Ribeiro comemorarem o sucesso dos dois últimos discos -"Vamo Batê Lata" (95) e "Nove Luas" (96)-, que já venderam 1,5 milhão de cópias juntos.
Os dois discos são responsáveis pelo tal "segundo fôlego" da banda. "É uma retomada com um público novo", diz o baterista Barone.
Afinal, o antecessor, "Severino", foi o álbum que menos vendeu: 53 mil cópias.
"A gente costurou um frankenstein danado", diz Barone se referindo às participações especiais que iam de Egberto Gismonti e Tom Zé ao guitarrista Brian May (Queen) e ao cantor argentino Fito Paez, passando pelo DJ jamaicano Linton Kwesi Johnson e pela Reggae Philarmonic Orchestra. Tudo com a produção de Phil Manzanera (Roxy Music).
"Não nos entendemos bem com o engenheiro de som (o inglês Kevin Lamb) e estávamos muito inseguros", diz Barone.
No fim das contas, "Severino" vendeu mais na Argentina do que no Brasil. Curiosamente, o CD duplo "Vamo Batê Lata", que registra a turnê de "Severino", vendeu 840 mil discos.
Inéditas ficam de fora
Ao contrário do que foi imaginado inicialmente, "Pólvora" não traz material inédito -como as demos ou o material em espanhol. "Seria um processo de catar milho", explica Barone. "Pólvora" só tem discos que estavam fora de catálogo ou que não haviam sido lançados em CD -como o "D".
Desses, os preferidos de Barone são "O Passo do Lui" e "Selvagem?". Um traz o lado mais pop da banda, o outro exibe uma face mais experimental -a guinada para influências rítmicas mais brasileiras e o reggae.
"Todos os outros são derivativos desses dois", diz Barone, que crê que o movimento pendular entre esses pólos é a marca do grupo.
Para quem acha que a recente guinada para o pop é definitiva, Barone indica uma nova mudança de direção. "A gente pensa em fazer alguma coisa mais esquisita no próximo disco."
Com isso, a chance do grupo aceitar os convites da MTV Brasil e da MTV Latina para fazer um acústico (em português ou espanhol) por ora é pequena.

Disco: Pólvora
Artista: Paralamas do Sucesso
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 136 (a caixa, em média)

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