São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Multidão apedreja força da Otan na Bósnia

DO "THE INDEPENDENT"

A força internacional de manutenção da paz na Bósnia foi envolvida no confronto entre as duas facções rivais em território controlado pelos sérvios. Multidões enfurecidas acusaram soldados e policiais estrangeiros de tomar partido de um dos lados e os agrediram com pedradas e cacetadas, em Brcko e outras cidades-chaves.
À noite, a Sfor (Força de Estabilização da aliança militar ocidental) pôs tropas em torno de delegacias de polícia em Brcko, Bijeljina e Doboj (todas no norte), ostensivamente para "reduzir o nível de tensão" provocado pela luta pelo poder entre a presidente Biljana Plavsic e os defensores do líder deposto e suposto criminoso de guerra Radovan Karadzic.
Na operação, as tropas da Sfor pareciam apoiar as tentativas de Plavsic de ganhar controle das delegacias. Alertadas por uma sirene de ataque aéreo e por mensagens inflamadas transmitidas por rádio desde o reduto de Karadzic em Pale, nos arredores de Sarajevo, multidões iradas se formaram e começaram a atacar as tropas.
Em Brcko, em meio a uma cacofonia de gritos, tiros, bombas de gás lacrimogêneo e pedradas, as tropas da Sfor foram forçadas a recuar de suas posições. Mais tarde, o contingente inteiro de polícia internacional, conhecida como IPTF, foi retirado da cidade.
O número de vítimas não era certo, mas pelo menos dois soldados norte-americanos teriam sido feridos. Segundo depoimentos de testemunhas, houve civis que saíram machucados e sangrando.
Segundo relatos não confirmados, veículos da ONU foram incendiados e soldados saíram feridos no povoado de Celopek, entre Bijeljina e Zvornik. Um oficial da Sfor descreveu a situação em Bijeljina como sendo "muito tensa".
Em meio à confusão, não ficou claro se os partidários de Plavsic conseguiram controlar as delegacias. Representantes ocidentais sugeriram que sim, e que a resistência seria um protesto da linha-dura que sabia estar do lado perdedor, mas essa visão não foi confirmada.
Plavsic vem estendendo sua base de poder em direção leste, desde seu reduto em Banja Luka. Os últimos dias foram marcados por confrontos tensos em torno do controle não apenas das delegacias de polícia, mas também dos pontos de transmissão de televisão.
A comunidade internacional já deixou claro que apóia Plavsic, argumentando que ela parece mais disposta do que seus adversários a implementar os acordos de paz.
Ontem Momcilo Krajisnik, integrante sérvio da Presidência bósnia e partidário de Karadzic, acusou a Sfor de extrapolar os limites previstos para sua atuação. "A Sfor se transformou numa força que não gostaríamos de descrever como de ocupação, mas que está chegando perto dessa descrição."

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