São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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O artista

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - O ex-prefeito César Maia voltou a frequentar o dia-a-dia dos cariocas e dos fluminenses (os moradores do Estado do Rio, não os torcedores do time; estes, coitados, já têm problemas demais) com um objetivo bem claro: tornar-se o próximo governador do Estado.
Na semana que termina, ocupou longo espaço na televisão, usando e abusando de recursos tecnológicos, para, via horário gratuito do PFL, avisar o eleitor que precisa dele para repetir no governo do Estado as obras que fez na prefeitura.
O programa teve dois "movimentos" e um "gran finale".
No primeiro movimento, Maia exibiu as obras do Rio Cidade e diversas outras, muitas delas tocadas na atual administração, por seu sucessor, Luiz Paulo Conde. No segundo e mais animado, detonou o atual governo, a cargo do tucano Marcello Alencar, mostrando todas as suas mazelas. Saúde, educação, transportes, administração: sobrou para todos.
No final, o homem dos factóides apareceu como que em cena de novela, ovacionado por um imenso comício de figurantes, tal e qual um Sassá Mutema pronto para salvar a pátria.
O discurso é esse mesmo, o de salvador da pátria. Maia apresentou-se assim: o homem que vai reconstruir um Estado que estaria em ruínas.
Ainda que a performance do atual governo deixe a desejar -exemplo: muitos funcionários públicos ainda não receberam o 13º do ano passado-, Maia joga nos exageros.
E usa -bem, diga-se- os recursos da TV.
A cena final do programa foi um show: faixas, cartazes, moças agitando os braços, gente alegre e feliz a cantar.
No centro das atenções, adivinhe quem? Ele.
Com a distância dos gabinetes, Maia pelo jeito tomou gosto também pela vida artística.
Resta saber se o eleitor quer fazer papel de macaca de auditório.

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