São Paulo, sábado, 30 de agosto de 1997
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Lula faz discurso de candidato ao Planalto

CARLOS EDUARDO ALVES

CARLOS EDUARDO ALVES; WILSON TOSTA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

"Confesso que gostaria de enfrentar Fernando Henrique Cardoso neste momento", diz líder petista

WILSON TOSTA
O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva apresentou-se ontem, primeiro dia do 11º Encontro Nacional do PT, com discurso de candidato à Presidência da República, embora se mostrasse contrário ao lançamento imediato da candidatura, tese de correntes de "esquerda" da legenda.
"Estou muito à vontade e confesso que gostaria de enfrentar Fernando Henrique Cardoso neste momento, em que ele não pode mais mentir para a sociedade brasileira com aquela cara de santo que fez em 94", afirmou.
Lula quer, porém, que só em março do ano que vem o PT oficialize a sua posição para 1998.
Ele condicionou a sua participação na disputa eleitoral à aprovação de uma política de alianças e à unidade do partido após o 11º Encontro Nacional.
"Desafio gostoso"
O petista disse que a legenda enfrentará, na campanha eleitoral de 1998, "100% do capital brasileiro, 100% do capital internacional, 100% dos interesses dos latifundiários e 99% do poder dos meios de comunicação".
"Esse desafio é gostoso", disse Lula. "Ou seja, jogar com um jogo muito adverso pode ser melhor do que jogar com um jogo muito favorável", afirmou.
Consenso
Segundo Lula, é consenso entre os petistas que o partido tenha candidato próprio em 1998.
"Eu não tenho cara de candidato para marcar posição", afirmou, sobre o sentido de sua possível postulação.
Como condição para o sim, Lula insistiu em alianças mais amplas, nas quais os diretórios estaduais petistas teriam que se subordinar à orientação da cúpula nacional do partido. Essa tese é rejeitada pela "esquerda" petista.
"Esta história de dizer que Fernando Henrique Cardoso é invencível é para boi dormir", disse ele. "O Bush (George Bush, que era presidente dos EUA) era invencível. Eu era invencível em 94."
Outros partidos
Lula disse também que, encerrado o 11º Encontro Nacional, o PT deve procurar os outros partidos de esquerda para preparar o que chamou de "pacote", que incluiria alianças regionais.
A interpretação mais corrente no PT é que Lula, agora, decidiu que pode ser candidato, mas desde que o partido lhe dê autonomia para conduzir a campanha, o que, pela tradição da legenda, é duvidoso.
Lula acenou para o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB), que admitiu recentemente que pode ser candidato à Presidência da República pelo PSB. "Prefiro ter o Ciro como aliado, não como inimigo", afirmou o líder petista.
Impugnações
O plenário da convenção decidiu impugnar, por maioria, a delegação do Maranhão. A justificativa foi a existência de irregularidades na escolha de seus representantes.
A decisão foi tomada por 266 votos contra 206 e 16 abstenções.
A convenção petista começou às 17h. À noite, os delegados escolheriam a tese que norteará a política do partido no próximo período eleitoral.
A tese favorita era a da corrente "Articulação, Unidade na Luta", de Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu, grupo que, individualmente, é a maior força da convenção do partido.

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