São Paulo, sábado, 30 de agosto de 1997
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Stedile anuncia atos em mil cidades

'Vamos mostrar que o povo está insatisfeito'

FRANCISCO CÂMPERA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) está preparando manifestações em mais de mil cidades contra o governo Fernando Henrique Cardoso no dia 7 de setembro.
A afirmação foi feita ontem em Brasília pelo economista João Pedro Stedile, um dos coordenadores nacionais do movimento.
Ele disse que as manifestações estão sendo organizadas pelos assentamentos espalhados por todo o país e pelas pastorais ligadas à Igreja Católica.
"Vamos mostrar ao governo que o povo está insatisfeito com a política econômica, responsável pelo desemprego e pela situação caótica na agricultura", afirmou Stedile.
Ele acredita no sucesso do protesto, porque as manifestações vão ocorrer em dia de feriado (Independência do Brasil). "Só assim as pessoas têm tempo de participar", avalia.
A maior manifestação será realizada no município de Aparecida (SP), onde o MST espera reunir cerca de 50 mil pessoas.
Várias caravanas estão saindo dos assentamentos até Aparecida, onde a manifestação terá o reforço dos operários.
No Rio de Janeiro, segundo Stedile, já foram alugados cerca de 300 ônibus pelas pastorais e sindicatos.
"Todas as pessoas que se sentirem prejudicadas pela política econômica estão convidadas a participar", conclamou.
Stedile disse que as manifestações do MST vão ser intensificadas enquanto o governo federal não mudar a política agrária.
"Vamos mostrar à população que a reforma agrária é essencial para o crescimento do país."
Amanhã, o MST vai realizar uma romaria em Campo Bonito (PR), onde pretende reunir 40 mil trabalhadores rurais.
No dia 3 de setembro, 5.000 trabalhadores sem terra vão caminhar de Palmeira das Missões (RS) até a capital gaúcha, Porto Alegre, onde devem chegar no dia 7 de setembro. Eles vão percorrer 384 quilômetros.
Invasões
Além da estratégia de organizar mais protestos, Stedile disse que as invasões vão aumentar.
"Se tivéssemos mais dinheiro, faríamos uma ocupação por dia", disse.
Ele afirmou que toda invasão depende também da participação financeira dos sem-terra, "mas como a agricultura está falida, está todo mundo sem dinheiro".
O líder dos sem-terra afirmou que cada grupo dentro do MST é independente para decidir sobre as invasões. "Estou avisando há tempos. Há uma situação caótica no campo prestes a explodir. Quando o governo acordar será tarde", afirmou.

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