São Paulo, sábado, 30 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pitta busca dinheiro com venda de ações

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo decidiu vender ações que detinha de empresas estaduais e que faziam parte do patrimônio do município para arrecadar mais recursos e poder pagar seus compromissos.
Com a venda de ações da Comgás, da Sabesp e da Eletropaulo, a prefeitura arrecadou cerca de R$ 185 milhões. Esse valor foi todo para o caixa único do município e serviu para pagar parte dos encargos da dívida paulistana.
Com a negociação, a prefeitura recebeu R$ 33 milhões pelas ações da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), R$ 74 milhões pelas ações da Comgás (Companhia de Gás de São Paulo) e R$ 78 milhões pela Eletropaulo (Eletricidade de São Paulo S/A).
Nesta semana, o prefeito Celso Pitta (PPB) anunciou a retomada de obras, sinalizando que a prefeitura já tinha conseguido reequilibrar seu caixa.
Mas, com recursos insuficientes para saldar dívidas e cumprir seu cronograma de trabalho, a prefeitura já aumentou em cerca de R$ 1,2 bilhão a dívida municipal em oito meses de governo.
Apenas no primeiro semestre do ano, Pitta gastou mais de R$ 250 milhões com juros e encargos das dívidas interna e externa. Também pagou outros R$ 600 milhões para amortização dessas obrigações.
Além das ações vendidas, que possibilitam a rolagem da dívida, a prefeitura negociou ontem mais 198,5 milhões de Letras Financeiras do Tesouro Municipal, ao valor unitário de R$ 1,00.
A Constituição determina que os recursos obtidos com a emissão desses títulos públicos sejam destinados ao pagamento dos precatórios (dívidas judiciais).
"Esse é um procedimento normal, o dinheiro nem chega a entrar no caixa do município", afirma o secretário das Finanças, José Antonio de Freitas.
Segundo Freitas, a captação de recursos externos é necessária quando, como no caso de São Paulo, as despesas superam as receitas ou a arrecadação de taxas e impostos fica abaixo do previsto.
Outros recursos para o município vêm sendo obtidos com frequência por intermédio de empréstimos financeiros, os chamados AROs, ou empréstimo por antecipação da receita orçamentária.
A prefeitura obteve neste mês R$ 32 milhões emprestados do Excel, R$ 30 milhões do Banespa e R$ 5 milhões do Banco Nacional. A soma obtida no ano já superou os R$ 100 milhões -limite imposto pela própria prefeitura.
A garantia de todos esses empréstimos é o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) previsto para ser arrecadado pelo município.
Isso significa que, além de apresentar uma dívida crescente, a prefeitura acaba por comprometer recursos do próximo ano para pagar despesas assumidas por Pitta e pelo antecessor, Paulo Maluf.

Texto Anterior: SP decreta atenção em 2 bairros
Próximo Texto: Fura-fila faz primeiro teste de 'marketing' em São Paulo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.