São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997 |
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MST afirma que só Lula une a oposição CARLOS EDUARDO ALVES CARLOS EDUARDO ALVES; WILSON TOSTA
WILSON TOSTA O dirigente nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile defendeu ontem, no 11º Encontro Nacional do PT, o lançamento de Luiz Inácio Lula da Silva como candidato único das oposições à Presidência da República. Lula foi informado oficialmente da decisão do MST há cerca de um mês. Também o PSB e o PDT foram avisados. Segundo Stedile, o MST tem influência direta em cerca de 500 municípios e reúne aproximadamente 200 mil famílias, entre acampadas e assentadas. "Achamos que Lula é o único que pode representar um projeto alternativo ao neoliberalismo", disse Stedile. Ele participou do encontro do PT como convidado. O líder dos sem-terra disse que Tarso Genro, apontado como alternativa a Lula no PT, " é um político preparado". Mas afirmou que Lula "reúne muito mais carisma e representatividade". Presidência do PT José Dirceu deve ser reeleito hoje presidente do PT, mas a vantagem que tende a obter sobre seu adversário, Milton Temer, não será suficiente para evitar a constatação de que o partido continua dividido entre alas com concepções totalmente diferentes. Dirceu é o candidato das alas de "centro" e "direita" do espectro político petista. Temer é o representante dos grupos organizados da "esquerda" do PT. O atual presidente do partido contou, na reta final da disputa, com a valiosa ajuda de Lula, seu companheiro na tendência centrista "Articulação". A devoção petista a Lula pôde ser atestada na noite de sexta-feira, na abertura da convenção do partido. Recebido aos gritos de "Brasil urgente, Lula presidente", ele fez um discurso emocionado pedindo a unidade do PT. "Temos divergências entre nós, não ódio", afirmou Lula. "O PT precisa pensar na sua imagem." Em todos os pronunciamentos, Lula tem insistido em usar a expressão "pacto de unidade". Não será fácil, já que sua indefinição sobre a candidatura à Presidência da República está abrindo espaço para mais uma luta interna. Lula quer esperar até o final do ano para ver se Fernando Henrique Cardoso sofre algum desgaste, o que aumentaria sua chance de evitar uma terceira derrota em eleição presidencial. No PT, se Lula não for o candidato, abre-se o campo para o imponderável. A proposta de prévia para escolher um nome apavora a cúpula, que teme fraturas insolúveis se o partido tiver que optar por alguém, já que até Tarso Genro está longe da unanimidade. Texto Anterior: Setenta anos de ACM Próximo Texto: Temer quer partido longe dos 'pais' do Real Índice |
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