São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997 |
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Campanha ensina a cuidar de crianças portadoras do HIV Brasil tem 3.634 crianças menores de 13 anos doentes de Aids BETINA BERNARDES
O "Cuidando da Minha Criança com Aids" é lançado como parte da campanha do dia mundial contra a doença, cujo tema deste ano é a criança. Pelo último boletim epidemiológico de Aids, há 3.634 crianças menores de 13 anos com a doença no país. A transmissão perinatal é responsável por 76% desses casos. "As mães têm que ser informadas de que há medicamentos capazes de reduzir a transmissão vertical", diz Pedro Chequer, coordenador do Programa Nacional de DST/Aids. Em mais de 90% dos casos de transmissão de mãe para filho, a criança se contamina durante a gravidez, no parto ou pela amamentação. Para os recém-nascidos, há a possibilidade de tomar AZT em gotas. As crianças também podem tomar um coquetel anti-Aids infantil, que já é distribuído pelo ministério. Baseado na experiência de profissionais que trabalham em ambulatórios de Aids pediátrica, o manual é escrito em forma de diálogo e espelha as dúvidas mais frequentes na relação com filhos que tenham a doença. O livreto, de 41 páginas, tem uma tiragem inicial de 4.000 exemplares e é todo colorido. Traz informações sobre formas de acesso aos recursos terapêuticos disponíveis, a importância do convívio social da criança e seus direitos. "O que vai acontecer com meu bebê se ele tiver o vírus da Aids?" é uma das perguntas básicas que estão no manual. "É preciso que você tenha um acompanhamento médico regular que ajude você a proteger seu filho de doenças comuns de infância e de outras infecções mais graves", diz a resposta. Outra pergunta se refere à amamentação. "Devo amamentar meu bebê se sou soropositiva?" A resposta é clara: "Não. Seu bebê não pode ser amamentado nem por você nem por outras pessoas. Amamentando, você estará aumentando o risco de contaminação da criança." A importância de vacinar as crianças com todas as doses de rotina também é destacada. A cartilha aborda questões delicadas de forma didática, como, por exemplo, a possibilidade ou não de transmissão do vírus em brincadeiras entre crianças. "Não se tem conhecimento de crianças que se contaminaram brincando", diz o texto. "Nos acidentes em que as crianças se machuquem, os cuidados já são conhecidos: é preciso lavar bem as mãos, limpar o ferimento e proteger-se do contato com o sangue, independentemente se a criança é ou não portadora do HIV." O livreto desaconselha a mãe a tirar o filho da escola e diz que o estabelecimento deve aceitá-lo. "Você poderá exigir, caso queira, o total sigilo do estado de seu filho", esclarece o texto. Em relação ao direito há outros esclarecimentos: "Se você for um portador do HIV e seu filho também, a lei garante a vocês dois o direito ao auxílio-doença, à liberação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), à isenção do Imposto de Renda e a todo tipo de ajuda jurídica necessária." Texto Anterior: Cresce mortalidade materna em S. Paulo Próximo Texto: Pesquisa liga uso de agrotóxico e suicídio Índice |
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