São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Casal quer investir em novo imóvel

CLÁUDIA PIRES
DA REPORTAGEM LOCAL

"Esse sonho morreu. Agora, pensamos apenas em rever o dinheiro para poder investir em outra coisa", afirma a empresária Sumara Barbosa Silva, 36, um dos 42 mil clientes da construtora Encol que não receberam seu imóvel.
Sumara e o marido, João Pereira da Silva, compraram um apartamento da Encol em Campinas, em dezembro de 94. Para dar entrada no imóvel, venderam um terreno e um carro. "Economizamos muito para pagar as prestações, deixamos de viajar e de trocar de carro", diz ela. O casal pagou cerca de R$ 50 mil.
Sumara afirma também que problemas financeiros fizeram o casal renegociar os pagamentos. "Tivemos que passar alguns meses sem pagar e rolamos a dívida."
O casal tem dois filhos, um de 13 e outro de 9 anos. Segundo Sumara, eles também sentem o problema. "Eles comentam com os colegas na escola e sabem que não teremos mais o apartamento." Sumara afirma que ainda espera que as responsabilidades do caso sejam apuradas.
"Estou inconformada, pois o governo não exerceu nenhuma fiscalização. O que vai acontecer com as poupanças de tantas pessoas? E os responsáveis vão ficar livres de tudo?" Atualmente, os dois coordenam a associação dos mutuários de Campinas.
José Carlos Gamba, 46, analista de custo da General Motors, também espera por um apartamento que não saiu da planta.
Gamba é casado e tem um filho de sete anos. Ele diz que o problema tem gerado grande tensão em sua família.
"Minha mulher e eu estamos superestressados, pois o problema parece não ter fim. Meu filho não pode mais nem ouvir falar no assunto."
O casal comprou um apartamento de quatro dormitórios em fevereiro do ano passado e já pagou R$ 120 mil. Para pagar esse valor, vendeu uma casa e sacou todo o dinheiro da poupança. O imóvel está avaliado em R$ 162 mil e deveria ser entregue até o final do ano que vem.
"O terreno está vazio, nada foi construído." Gamba afirma que comprou o imóvel pois o corretor apresentou várias provas de que a empresa era bem-sucedida.
"É impressionante a farsa que foi montada". Na época em que Gamba comprou seu apartamento, a Encol já atravessava problemas financeiros.
"Só comecei a perceber que a empresa não andava bem das pernas no início de 97, quando já era tarde demais."

Texto Anterior: Quebra da 'Encol dos EUA' muda mercado
Próximo Texto: Dekassegui tem sua poupança ameaçada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.