São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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CDBs reagem e estoque chega a R$ 90 bi

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), esvaziados com a entrada em vigor do novo "imposto do cheque", estão dando a volta por cima. Retomam, aos poucos, a participação que sempre tiveram no conjunto dos chamados "haveres financeiros do país".
Em agosto, até o dia 25, a captação líquida (depósitos menos saques) dos CDBs prefixados era positiva em R$ 2,7 bilhões, conforme dados do Banco Central.
A captação das cadernetas de poupança estava positiva em R$ 218 milhões -quase uma estabilidade, já que o vaivém mensal é da ordem de R$ 17 bilhões-, e a dos FIFs de 60 dias, negativa em R$ 1,35 bilhão.
É bom lembrar, entretanto, que os fundos são grandes compradores de CDBs, mesmo porque suas contas correntes são isentas da CPMF.
No último dia 25, o estoque de CDBs prefixados estava em R$ 90 bilhões, já acima do patamar alcançado no final de 96, antes do esvaziamento provocado pela CPMF.
Em novembro de 96, o estoque dos prefixados fechou em R$ 87,3 bilhões e a partir daí, na medida em que os vencimentos passaram a coincidir com a CPMF, em vigor desde 23 de janeiro, caíram até R$ 74,4 bilhões em fevereiro e março de 97 (ver gráfico). A maior recuperação foi em junho.
No conceito mais amplo dos meios de pagamento (M4), os títulos privados definharam no mesmo período como porcentagem do PIB e em relação a outros ativos. Mas dados até o final de julho confirmam a reação.
Fundos e empresas
A maior presença dos CDBs entre as aplicações não significa, entretanto, que investidores pessoas físicas voltaram a esse mercado. A compra é feita basicamente por FIFs, fundações e empresas.
Ronaldo Paiva, chefe do departamento do BC que analisa esses fluxos no sistema financeiro, confirma a reação dos CDBs, mas diz que é difícil detectar exatamente o que vem provocando esse movimento.
Como hipóteses, ele aponta compras realizadas pelos FIFs (Fundos de Investimento Financeiro) de renda fixa e transferências de recursos que estavam na Bolsa. Por exemplo, de fundos de pensão.
Hipóteses
No mercado, outras hipóteses são levantadas.
Com o fim dos fundos exclusivos, empresas estariam comprando CDB de longo prazo, "swapado" em CDI, tendo como contrapartida uma conta garantida de crédito com juro praticamente igual ao do CDB.
Mais do que hipótese, há o fato de que recentemente foi extinto o compulsório de 3% sobre depósitos a prazo. Tanto assim, que a captação positiva mais forte dos CDBs prefixados foi em junho, com R$ 5,9 bilhões.
Há também o fato de que cresceram as aplicações nos fundos de renda fixa, e o prêmio em títulos privados seria maior do que nos públicos federais.

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