São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Indústria quer conquistar 12% do mercado mundial em 2005

Meta é viável se as empresas exportarem 47% da produção

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria brasileira de tratores e máquinas agrícolas pretende triplicar a produção até o ano 2005 e conquistar 12% de um mercado mundial que deve atingir 651 mil unidades por ano.
Para atingir o objetivo, precisa exportar 47% da produção total -prevista para 80 mil unidades-, o que significa gerar receita de US$ 1,65 bilhão por ano com as vendas externas.
O cenário é ambicioso. Atualmente a indústria nacional produz cerca de 25 mil unidades/ano. Tem apenas 1,5% do mercado mundial e o faturamento com as exportações este ano não deve superar US$ 600 milhões.
As metas para 2005 fazem parte de estudo encomendado à Anfavea (associação dos fabricantes de veículos) pelo MICT (Ministério da Indústria e Comércio) no final do ano passado. O mesmo pedido foi feito pelo MICT para outros 17 setores industriais.
Antonio Sergio Martins Mello, secretário de Política Industrial do MICT, diz que o objetivo do governo é "obter uma fotografia desses setores e identificar entraves ao aumento da competitividade, do ponto de vista dos empresários".
Pérsio Pastre, vice-presidente da Anfavea e um dos coordenadores do estudo entregue ao governo, diz que o Brasil, com a abertura de mercado, pode se tornar um dos maiores centros mundiais produção de equipamentos agrícolas.
"Temos tecnologia, matérias-primas, mercado interno atrativo e mão-de-obra especializada. Os maiores fabricantes do mundo já estão instalados aqui. O setor carece de uma opção política do governo", afirma.
Safra agrícola
Para garantir o aumento de produção nos níveis previstos, os fabricantes de tratores contam com uma colheita de 100 milhões de toneladas de grãos na safra agrícola 2000/2001. Esse volume, que está dentro dos cálculos do governo, significa aumento de 20% em relação aos níveis atuais.
"A indústria de tratores só pode produzir mais e vender mais se houver elevação da produção agrícola e da renda do agricultor", explica Pastre.
Atualmente a indústria de máquinas agrícolas trabalha com 60% de capacidade ociosa. De janeiro a julho deste ano, a produção cresceu 43% em relação ao mesmo período de 96.
Mas a comparação é feita com um dos piores resultados da história da indústria.
Por causa da falta de crédito para a agricultura a partir do segundo semestre de 95 e até o início deste ano, as vendas em 96 -13.893 unidades- foram as mais baixas desde 1969.
Para atingir as metas previstas para 2005, os fabricantes de máquinas agrícolas relacionam uma série de ações que precisam ser tomadas para aumentar a produtividade da indústria e do produtor rural.
A indústria quer isenção do Imposto de Importação e taxa de Marinha Mercante sobre componentes; eliminação da contribuição social sobre o lucro das exportações; redução dos juros para níveis internacionais e simplificação da sistema alfandegário.
Propõe que os produtos agrícolas acabados fiquem isentos do ICMS e Cofins e quer a adoção de medidas que estimulem o sistema financeiro a abrir mais linhas de crédito para o setor agrícola.
"As metas da indústria de máquinas agrícolas para o ano 2005 são viáveis", diz Martins Mello.
Ele faz um paralelo com os automóveis em 92: "As montadoras produziam 960 mil unidades na quele ano. Hoje já chegaram aos 2 milhões."

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