São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997 |
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A próxima vítima
ELIANE CANTANHÊDE
Sanguinetti atua em Alagoas, Estado onde a lei inexiste e os brios estão feridos. Não estudou na Unicamp, não frequentou os grandes centros técnicos e teve de se virar com equipamentos obsoletos e pias fétidas para investigar a morte de PC Farias e Suzana Marcolino, em 23 de junho de 1996. Foi ele, porém, quem enfrentou tudo, todos e a fama nada lisonjeira de Quixote, sustentando todo o tempo a conclusão que milhões de brasileiros intuíam e que acaba de ser reforçada cientificamente por novos laudos periciais. PC e Suzana devem ter sido assassinados. Suzana era dez centímetros menor do que consideraram os outros legistas, os gênios, e estava tentando se levantar da cama quando foi atingida. Não havia resíduo de chumbo em suas mãos. A arma do crime não tinha uma gota de sangue. Nem impressões digitais. Elementar, meu caro Watson... Se houve erro ou descaso em detalhes assim tão primários, imagine o que não há por trás de um enredo que envolve poder, luxo, riqueza, corrupção e lavagem de dinheiro. Um presidente da República cai. Seu tesoureiro de campanha é procurado ao redor do mundo, preso, libertado e morto numa praia bucólica com uma namoradinha de ocasião. Até a máfia está metida na história, como revelou a Folha. As circunstâncias da morte de PC e Suzana são fundamentais para continuar puxando o fio desse novelo, ou novela, em que se misturam interesse nacional e mistério internacional. A trama começa em Alagoas, passa por Brasília e chega ao Paraguai, a paraísos fiscais e a Roma. Que prossigam as investigações e preservem quem se arrisca por elas, como Sanguinetti. A sociedade deve justiça a seu trabalho. O Estado tem de lhe garantir a vida. Essa história ainda não acabou. Texto Anterior: O fantasma PC Próximo Texto: A Borboleta da Meia-Noite Índice |
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