São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Indefinições marcam trajetória do partido

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O resultado da convenção petista encerrada ontem deixa o partido no mesmo lugar em que se encontrava antes do evento.
Lula continua provável candidato, ninguém tem uma maioria clara, o tipo de socialismo permanece indefinido, a questão da divergência entre as tendências ainda é problema etc.
O saldo da convenção poderia ser resumido no lema "empurrar com a barriga".
Lula só vai decidir se será ou não candidato em dezembro, num Encontro (convenção) Extraordinário do partido. Na ocasião, será dada a palavra final da legenda sobre tática e estratégia no ano eleitoral.
Provavelmente em maio de 98, o PT realizará um congresso para atualização doutrinária e apresentar um "programa para o Brasil", que provavelmente vai servir de base para a pregação do candidato da agremiação ao Palácio do Planalto.
O problema crônico da regulamentação das tendências, alvo de uma polêmica tese do grupo majoritário, também não foi resolvido. Criou-se uma comissão para analisar o assunto.
Se a indefinição sobre candidatura deve ser debitada somente à vacilação de Lula, que quer concorrer contra Fernando Henrique Cardoso só na hipótese improvável de uma catástrofe econômica, as demais questões permanecem pendentes pela divisão partidária.
Vitória parcial
Dirceu e Lula venceram, mas perderam. Tiveram só 28 votos a mais num universo de 550 delegados.
Com o comando do partido nos dois últimos anos e com o aval do líder indiscutível do PT, Dirceu "amargou" uma vitória estreita, que não lhe permite tocar em algumas importantes feridas do partido.
Afinal, mudanças radicais, como as que Dirceu diz pretender, não são possíveis de ser feitas com maioria milimétrica, ainda mais num partido de esquerda.
A "esquerda" perdeu, mas venceu. Não ganhou a presidência, mas manteve a correlação de forças que impediu, nos últimos anos, a implementação de uma política com linha clara no partido.
Há dois anos, em Guarapari (ES), Dirceu venceu a convenção petista por 22 votos. O resultado de ontem comprova que há um "congelamento" das forças internas e que não há perspectiva de acordo em horizonte próximo.
Sem pancadaria
O saldo positivo do encontro no Rio, o que não é pouco na comparação com a convenção anterior, é que agora não houve ameaça de pancadaria.
É um avanço, em todo caso, para um partido que diz querer chegar à Presidência da República.

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