São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Cruzeiros marítimos descobrem o Brasil

SUZANA BARELLI
CLÁUDIA PIRES

SUZANA BARELLI; CLÁUDIA PIRES
DA REPORTAGEM LOCAL

Verão 97/98 trará 38 navios turísticos de grande porte à costa brasileira, 31% mais que em 96/97

No próximo verão, 38 navios de grande porte devem percorrer os mais de 8.000 quilômetros da costa brasileira. O número, da Embratur, é 31% acima do registrado no verão passado e deve continuar crescendo.
"As companhias de cruzeiros marítimos descobriram o Brasil", diz Bismarck Pinheiro Maia, diretor de economia da Embratur (órgão que responde pelo turismo oficial no Brasil).
Essa "descoberta" dos cruzeiros de luxo que levam bandeira internacional e transportam, em média, 800 passageiros decorre de vários fatores e podem, a longo prazo, até trazer efeitos no balanço de pagamentos (leia texto ao lado).
A primeira causa desse aumento é o fim da conhecida lei de cabotagem. Até o final de 1995, a Constituição proibia que navios de bandeiras não brasileiras aportassem em território nacional para pegar passageiros e levá-los para outro porto nacional.
Só era possível pegar passageiros aqui para levá-los ao exterior. A rota Rio-Salvador, por exemplo, só era permitida para empresas nacionais.
"A lei obrigava o navio a ter um destino internacional e isso tornava o mercado brasileiro pouco atraente", diz Neriton Vasconcelos, diretor da Pier 1, agência que trabalha com turismo marítimo.
Com o fim da lei, donos de cruzeiros começaram a se organizar para trazer seus navios para cá. E como a programação de um navio muitas vezes é definida com até dois anos de antecedência, só agora que a mudança da legislação mostra mais fortemente seus resultados.
Novos destinos
O segundo fator é a necessidade das operadoras de turismo de criarem outras opções de destino. Afinal, navio só tem graça e gera lucros no verão. As operadores, ainda, precisam de opções de roteiro para o inverno do Hemisfério Norte, que corresponde ao nosso verão.
Atualmente, segundo a Embratur, 57% dos cruzeiros são realizados no Caribe. O Mediterrâneo representa 9% dos destinos e a costa norte-americana, 7%. A América Latina está na lanterninha, com 0,57% do total.
"O mercado brasileiro é altamente potencial", diz Renê Hermann, diretor-geral da Costa Cruzeiro.
O financiamento das passagens -que podem ser parceladas em até 24 meses, conforme a agência- também trouxe gás ao setor, diz Milton Sanches, diretor da Brazilian Tourism Representation (BTR), empresa que estima transportar 1.900 passageiros por semana em dois cruzeiros nessa temporada.
Sanches afirma, ainda, que a maior divulgação dos pacotes de cruzeiros contribui para o crescimento do setor.
"Esse segmento tinha pouca divulgação, só viajava quem tinha renda muito alta", diz Sanches.
Ele calcula que o número de passageiros em cruzeiros que passam pelo Brasil cresceu 72% nos últimos três anos. "Uma das causas desse aumento é a propaganda."
Leslie Benveniste, diretor da ITR Qualitours, vai na mesma linha: "Os turistas estão aprendendo que as melhores viagens incluem cruzeiros."

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