São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Importação tende a perder o fôlego

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento da importação de produtos têxteis, que nos primeiros seis meses deste ano chegou a US$ 1,2 bilhão -50% a mais do que em igual período do ano passado- pode perder fôlego neste semestre.
O desaquecimento da economia e as medidas de salvaguarda da indústria nacional adotadas pelo governo podem reduzir as compras externas de tecidos, na avaliação da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
"Há uma ligeira desaceleração da economia. Além disso, algumas medidas de salvaguarda foram colocadas em prática, como, por exemplo, o estabelecimento de cotas para a importação de roupas da China", diz Paulo Samico, diretor do Decex (Departamento de Comércio Exterior) da Secex.
Samico diz que o aumento das compras de produtos têxteis no primeiro semestre pode ter sido reflexo da mudança de padronagem de tecidos -principalmente artificiais e sintéticos.
"Também vale lembrar que nos últimos três a quatro anos a indústria têxtil brasileira reduziu a capacidade de produção e parte da demanda pode estar sendo suprida pela indústria estrangeira."
O algodão é o produto que mais pesa na pauta de importação dos produtos têxteis, diz. E, neste caso, na análise de Samico, não deve haver grandes mudanças.
Isso significa que o país deve continuar importando o dobro do que produz de algodão -cerca de 400 mil toneladas anuais- para poder atender à demanda interna.
Lingeries
Se levado em conta o ânimo de alguns lojistas com a venda de importados, a previsão da Secex pode não se confirmar -ou seja, as importações de produtos têxteis devem, sim, continuar crescendo.
A rede de 12 lojas de lingeries Any-Any, por exemplo, informa que já está comprando no exterior entre 20% e 30% da sua linha de camisolas e pijamas.
No ano passado, esse percentual não passava de 10%, informa Viktor Vitia, proprietário. Segundo ele, os produtos vêm sobretudo dos Estados Unidos.
A Vitia -rede de quatro lojas de roupas femininas- também já tem 30% da sua linha de produtos vinda do exterior. "Se não compramos diretamente lá fora, conseguimos adquirir produtos estrangeiros de importadores. Os atacadistas do Bom Retiro (bairro de São Paulo), por exemplo, estão importando muito."
Até mesmo os fabricantes de tecidos estão cogitando a possibilidade de importar. A tecelagem Aziz Nader, que tem uma fábrica em São Paulo e outra em Santa Bárbara d'Oeste (SP), estuda a viabilidade de importar tecido cru para fazer o acabamento no país.

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