São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Grandes empresas saem do vermelho

MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

A diversificação e o lançamento de produtos mais rentáveis tiraram do vermelho grandes empresas de alimentos do país.
Os balanços divulgados no primeiro semestre mostram que o novo filão descoberto por indústrias como a Sadia e a Perdigão -que passaram a oferecer ao consumidor pratos prontos e semiprontos, que agregam valor maior e facilitam a vida das donas-de-casa- se refletiu nos números.
"A nossa filosofia é privilegiar esses produtos, em vez de ganhar na quantidade", afirma José Fernando Alves, diretor da Sadia.
Segundo ele, essa estratégia, aliada à queda de preços da principal matéria-prima da empresa -o milho, usado como ração do frango e do suíno-, "fez a empresa dar a volta por cima".
A Sadia, que havia tido prejuízo de R$ 7,8 milhões no primeiro semestre do ano passado, fechou o mesmo período de 97 com lucro líquido de R$ 40,5 milhões. O faturamento cresceu 12% -de R$ 1,387 bilhão para R$ 1,556 bilhão.
"Enquanto o volume de produção dos industrializados caiu 3,7% no primeiro semestre, a receita subiu 9%", diz o diretor da Sadia. Essa é a maior prova, conforme ele, de que a empresa está ganhando mais com esses produtos.
A Perdigão atribui o bom resultado à baixa no preço de milho -20% em relação ao ano passado- e à diversificação de produtos.
"De 1995 até agora, lançamos 80 novos produtos à base de carnes bovina, suína e de frango, além de vegetais congelados, importados da Bélgica, e massas, da Argentina", diz Nildemar Secches, diretor-presidente da Perdigão.
Cerca de 50 desses produtos entraram no mercado entre o final de 96 e junho deste ano.
A Perdigão também reverteu seu resultado negativo. Saiu de um prejuízo de R$ 1,4 milhão no primeiro semestre de 96 para um lucro de R$ 17,4 milhões.
O faturamento cresceu 25% no primeiro semestre e a empresa espera fechar o ano com receita de US$ 1,2 bilhão, 20% acima de 96.
Complexo soja
"Alteramos o 'mix' de produtos e agregamos valor às nossas carnes. O consumidor percebe isso", afirma Rubens Oliveira, assessor da diretoria de relações com o mercado da Ceval Alimentos.
A Ceval está aumentando a produção de frangos em cortes -temperados, "tenderizados" e defumados- e de hambúrgueres, almôndegas, empanados de aves e carnes recheadas.
Mas a principal razão do lucro de R$ 55,7 milhões no primeiro semestre (prejuízo de R$ 13 milhões no mesmo período de 96) foi o preço favorável do complexo soja -grão, óleo e farelo- no mercado internacional.
A Ceval obteve 48% do total de sua receita -de US$ 1,498 bilhão- até junho com a exportação de óleo e farelo de soja.
A Avipal, produtora gaúcha de frango, suínos e ovos, está modificando aos poucos as suas unidades para oferecer um alimento mais elaborado. Hoje, 30% da produção de frangos da empresa já é em cortes, o que agrega mais valor.

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