São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Clássico se arrasta penoso e sem criatividade

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Juntando-se toda a criatividade dos oito componentes do meio-campo de São Paulo e Corinthians que começaram o clássico ontem não daria para produzir sequer uma singela bandeirola do Volpi. Por isso, o jogo se arrastou penosamente até que Serginho sofresse pênalti, convertido por Dodô.
E isso foi tudo. Ou seja: quase nada.
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Já no Canindé a Lusa massacrava o Guarani: 5 a 0. Mas os melhores lances exibidos no intervalo e no final, pela TVA, sugerem um placar mais apertado, ainda que generoso.
Mas pouco para garantir a permanência do técnico Muricy no time de Beto Zini.
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E Velloso, então, quer a Mancha Verde de volta ao Parque para o Palmeiras recuperar o prestígio perdido?
Não seria melhor resgatar Cafu, Antônio Carlos, Roberto Carlos, César Sampaio, Rivaldo, Djalminha, Muller, Luizão e, de quebra, o técnico Wanderley Luxemburgo? Pelo menos haveria a garantia de palmas e sorrisos no Parque.
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Isso, claro, se não chegar antes o Vasco, que à noite passou por uma prova de fogo em Recife, batendo o Sport num jogo em que o juiz marcou quatro pênaltis, dois pra cada lado. E, pasmem!, todos assinalados com precisão.
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Já o Santos conseguiu sucumbir diante do Fluminense. É verdade que teve o domínio da bola e dos espaços o tempo todo. Mas um domínio inútil.
Atenção, porém: esse Flu que entrou por baixo do pano no campeonato e que ilumina a rabeira do torneio, não é tão ruim quanto os números sugerem. E esse menino Roni, que fez um golaço é aquele mesmo centroavante arisco e oportunista que participou da seleção de novos ainda outro dia.
Nada disso, contudo, justifica a opaca exibição do Santos, fruto, desconfio, das muitas alterações processadas pelo técnico Luxemburgo no seu meio-campo e pela ausência de um bom especialista na lateral-esquerda.
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Bem, o verdadeiro Campeonato Brasileiro começou sábado. Só que lá em Madri, onde Real e Atlético ofereceram um espetáculo digno do futebol tetracampeão do mundo: cem mil espectadores nas galera e, no campo, um jogo vibrante, inteligente, ofensivo. Bola lá e cá, até o Atlético abrir o placar. Depois, pressão do Real e um gol de empate para entrar na galeria dos imortais -um disparo do holandês voador Seedorf, aquém da intermediária, cuja venenosa trajetória fintou o goleiro como se carregada por mãos invisíveis.
Ah, se inveja matasse...
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Quero agradecer ao Paulo Planet Buarque pelo carinho de lembrar de meu nome para ser homenageado pelo São Paulo. Agradeço mais ainda aos que vetaram a idéia, pois me permitiram conhecê-los melhor. De qualquer forma, já havia declinado da honrosa convocação.

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