São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997
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Líder anuncia o fim do Prodigy

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Liam Howlett, cérebro do Prodigy, anuncia na revista inglesa "Select": "Não vai haver outro álbum do Prodigy. Eu sofri pressão demais. Acabou. É só assim que faz sentido para mim."
Você acredita?
É bom ficar de pé atrás.
"The Fat of the Land", o último disco da banda, chegou ao primeiro lugar nas paradas em 22 países. Trata-se do álbum que vendeu mais rápido na história da Inglaterra -até sair o novo álbum do Oasis.
Uma comparação: para cada exemplar de "OK Computer", a recém-lançada obra-prima do Radiohead, vendem-se nada menos do que OITO "The Fat of the Land".
Ainda assim, não se pode dizer que o Prodigy seja uma banda "comercial", do tipo que dominou os anos 70 e 80.
O Prodigy finca sua base na dance music britânica, um gênero que só agora ganha dimensões planetárias. E, para falar português claro, faz uma barulheira dos diabos.
Liam Howlett domina com precisão os meandros da estética hard rock. Isso, a garotada adora. A música do Prodigy pode ser resumida pela equação hard rock + dance = tecno para as massas.
Muito bem: uma banda de atitude "alternativa", com um som "difícil", que apesar de própria abrasão faz um sucesso colossal. Isso não soa familiar?
Será que nos últimos tempos não houve um outro grupo (vou dar uma dica: é americano) que trilhou o mesmo caminho?
Com a palavra, de novo, Liam Howlett.
"Não queremos ser tão populares quanto o Oasis. Noel (Gallagher, compositor e guitarrista do Oasis) ambiciona estar na maior banda do mundo. Ele quer ser um astro pop. Claro que não podemos mais fingir que ainda fazemos parte do underground, mas pessoalmente nunca vou aceitar que o Prodigy se transforme numa banda de rock comum. Seria insuportável."
OK. O cara trafega pelo mainstream, mas ainda se sente fora da podridão da indústria... Claro que isso lembra alguém, ou algo, do passado.
Lembra o Nirvana!
Se o Nirvana pôs abaixo a muralha que separava "comercial" de "alternativo", o Prodigy faz mosh em cima dos destroços da tal parede.
No festival V97, 17 de agosto passado, 40 mil fiéis pularam como loucos ao som de "Firestarter", "Breathe" e da inacreditável "Smack my Bitch Up", os maiores sucessos do Prodigy.
Mas o clima não era de um concerto boçal qualquer. No palco não estava Garth Brooks, nem Rod Stewart. Os Rolling Stones não tocavam naquela noite.
17 de agosto foi o dia do Prodigy.
Talvez seja essa a maior herança do Nirvana: os esquisitos conquistaram o direito ao sucesso.

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