São Paulo, segunda-feira, 1 de setembro de 1997 |
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'Viela do silício' é novo centro tecnológico
GEANE BRITO
Apelidada Silicon Alley (viela do silício), a área que se estende da Times Square à Wall Street, no centro financeiro de Nova York, é a mais nova estufa para produção de novas mídias nos Estados Unidos. O apelido, inventado por Marc Stahlman, o presidente da NYNMA (Associação de Novas Mídias de Nova York), é um trocadilho com o nome estabelecido do Silicon Valley (Vale do Silício), na Califórnia, o núcleo da produção tecnológica dos EUA. Muito embora Nova York tenha demorado a se destacar na área de informática, com todas as grandes empresas de tecnologia e multimídia situadas em outras cidades, nos últimos dois anos a "Big Apple" transformou-se numa fronteira digital. 'Cyber repórter' Pelas bermudas, camisas de surfistas, sandálias Birkenstocks, risadas e cigarros fumados às escondidas, os grupos que costumam se reunir nos lofts do Soho -espécie de Jardins em Nova York- poderiam ser facilmente identificados como tribos de adolescentes. Mas aparências enganam e essas ocasiões são mais para negócios que para festas. A maioria vem do quartel-general da Pseudo Programs -um site que está apostando em diversão ao vivo na Internet- para a gravação de um programa de rádio transmitido pela rede mundial de computadores. A apresentação é feita pelo "cyber repórter" Jason Calacanis, 26, que está rapidamente se tornando um "Gil Gomes do bem" da "viela do silício". "Nova York estava esperando para que a tecnologia produzida na Califórnia se estabelecesse. Pois aqui, o forte mesmo é conteúdo, o combustível que faz com que a tecnologia seja de bom proveito para o usuário", acredita Calacanis. Além de apresentar um programa de 45 minutos todas as sextas-feiras, Calacanis publica sua própria revista, "The Silicon Alley Reporter", que tem circulação, no meio underground, de 25 mil exemplares. O bravado desse "cyber empresário", que começou a revista pendurando as contas no cartão de crédito, é emblemático do estilo faça-você-mesmo da "viela do silício". "Apesar de ainda não estar estabelecida, 'The Silicon Alley Reporter' é uma janela aberta para a tecno-subcultura de Nova York", afirma Annie Khan, jornalista do jornal francês "Le Monde" que veio a Nova York para fazer uma reportagem sobre o mercado de novas mídias. Meca Porém, subcultura está se tornando estabelecimento, e a metáfora de uma marginalizada "viela do silício" tornou-se vaga frente ao crescimento das empresas de novas mídias em Nova York. Segundo um estudo conduzido pela conceituada consultoria Coopers & Lybrant, a "viela" produziu US$ 1 bilhão e gerou mais de 70 mil empregos para a economia local em 1996. Pela projeção da prefeitura de Nova York, em 1998 o "Silicon Alley" criará mais 40 mil empregos. "É apenas normal que Nova York assuma a liderança nessa área, pois além de ser o centro de produção de mídia do mundo, Nova York também é a Meca de escritores, jornalistas e artistas gráficos", diz Red Burns, diretora da área tecnológica da Universidade de Nova York, um curso de pós-graduação que forma, anualmente, 150 alunos com especialidade em multimídia e comunicação interativa. Texto Anterior: Diários falam de pintura, amigos e morte Próximo Texto: Região era "oficina" Índice |
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