São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Teste da prefeitura libera carro poluidor

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O teste de emissão de poluentes de veículos que a Prefeitura de São Paulo começa a fazer no próximo mês não vai solucionar, a curto prazo, o problema de poluição atmosférica da cidade.
O programa, chamado pelos técnicos de IM (inspeção e manutenção de veículos), foi criado para controlar a concentração de substâncias poluidoras expelidas pelos veículos da cidade de São Paulo. Vai ser obrigatório, anual, e custar R$ 17,95 (leia texto abaixo).
O problema é que o IM usa normas do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que consideram aptos a circular veículos com alto nível de emissão de gases tóxicos.
Ontem, a Folha e o Consórcio Controlar (que ganhou a licitação da prefeitura para fazer o programa de inspeção em São Paulo) fizeram o teste em dois veículos escolhidos aleatoriamente. Um Opala ano 1976 e um Gol 96.
Mas, pelas regras do Conama, ele poderia expelir até 277% a mais, ou 7% do total, que continuaria sendo aprovado para circular.
No caso do Gol, foi constatado 0,14% de CO no total da fumaça. Mas ele seria aprovado mesmo que expelisse até 5% de CO.
Flexibilidade
O percentual poluidor permitido pela norma é considerado muito flexível até mesmo por técnicos responsáveis pelo Conama.
Mas eles acreditam que o problema não é muito grave porque a frota está se renovando. Apesar disso, a idade média da frota de veículos em São Paulo é de cerca de 12 anos.
Para os veículos novos, o conselho permite a emissão de 1,5% de CO no primeiro ano do programa de inspeção. A partir do segundo ano, o número cai para 1%.
Os limites são mais rígidos porque os carros novos saem das fábricas com catalisadores e outras inovações tecnológicas, emitindo menos poluentes.
Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, Antônio Fernando Pinheiro Pedro, o teste do IM só vai constatar que há veículos poluidores em circulação, mas não resolverá o problema.
"Deveriam ser criados meios para forçar o consumidor a trocar ou arrumar seu veículo velho e poluidor", disse.
Segundo Pedro, carros fabricados na década de 80 poluem de 10 a 12 vezes mais do que os produzidos na década de 90.
Representantes do consórcio Controlar e do Conama alegam que é necessária uma substituição gradativa da frota velha (leia texto nesta página).

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