São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Os profissionais

JUCA KFOURI

Larry Bird, o fabuloso branco que reinou na NBA, passou 13 temporadas enlouquecendo os torcedores do Boston Celtics.
Magic Jonhson fez exatamente o mesmo no Los Angeles Lakers.
Pat Ewings, do New York Knicks, não está deixando por menos, e disputará agora sua 13ª temporada pela equipe da cidade da maçã.
Para variar, Michael Jordan supera a todos: renovou seu contrato por US$ 36 milhões para jogar seu 14º campeonato pelo Chicago Bulls.
E você há de se perguntar: o que a coluna do Melchiades Filho está fazendo aqui?
Nada, nada. É só para pensarmos juntos.
Não cometerei a simplicidade de comparar o que Jordan ganhará num único ano com o preço recorde do passe de Denílson.
O US$ 1 milhão a mais que o gênio da cesta receberá por 12 meses, contra um contrato de 11 anos como o do são-paulino e o Betis, fica por conta da diferença entre a economia norte-americana e a nossa ou a espanhola.
O que quero aqui é apenas refletir até que ponto é falso o argumento sobre a impossibilidade de o futebol atual manter aqueles ídolos que se identificam com um clube, uma camisa, uma torcida.
O profissionalismo seria o grande responsável por tal estado de coisas, por exigir o enlouquecido troca-troca que vemos pelo mundo afora.
Digamos que nem é bem assim até mesmo no futebol, basta verificar o que o Milan fez com o inigualável Baresi -o maior herói da Copa de 1994- e, ainda, como o Real Madrid foi capaz de manter intacto seu time campeão do ano passado.
Mas é inegável que a tendência tem sido mesmo a da alta rotatividade.
Clube brasileiro, então, parece motel.
Relações como a de Pelé com o Santos, Mané com o Botafogo, Ademir da Guia com o Palmeiras, Roberto Dinamite e o Vasco, Zico e o Flamengo, enfim, não há mais tempo para um ídolo se confundir com as cores da camisa que veste.
E por miopia, acredito.
Porque não há nada mais profissional no mundo dos esportes que a NBA e, como se viu, as estrelas ficam a vida inteira em suas equipes, garantindo bilheteria, propaganda, promoção e, fundamentalmente, audiência.
*
Errei: o pesadelo continua. Adiaram a implosão do Sarriá. Definitivamente, não nos damos bem.

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