São Paulo, terça-feira, 2 de setembro de 1997
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Estudo vê novo corpo subatômico

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Uma equipe de 51 cientistas da Rússia e dos Estados Unidos anunciou a descoberta de evidências de uma nova partícula subatômica, que poderá mudar a compreensão da estrutura da matéria.
Eles afirmam ter detectado em laboratório um "méson exótico", uma partícula do átomo que teria composição diferente da que é estabelecida pelo modelo teórico vigente há 30 anos, segundo estudo publicado na edição de ontem da revista "Physical Review Letters".
A descoberta poderá modificar também as explicações para a origem do Universo, segundo Suh-Urk Chung, do Laboratório Nacional Brokhaven, no Estado de Nova York. Os estudos sobre a estrutura da matéria têm geralmente repercussão direta nas pesquisas sobre a origem do Universo.
O modelo teórico consolidado desde 1967 estabelece que os mésons são formados por duas outras partículas -um quark e um antiquark. O novo estudo propõe que os mésons podem ser formados também por dois quarks e dois antiquarks, além de outras partículas menores.
Já haviam sido apontadas por importantes pesquisadores evidências de que os mésons poderiam ter composição diferente da prevista no modelo vigente, segundo Sérgio Novaes, professor do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista.
"Mas desta vez a evidência está sendo apresentada por sete instituições altamente conceituadas em um estudo publicado pela revista mais conceituada no âmbito da física", afirmou Novaes.
A matéria é formada por átomos, que possuem os elétrons, que giram em torno de um núcleo formado por prótons e nêutrons. Os elétrons possuem carga elétrica negativa, e os prótons, positiva.
Por terem cargas elétricas iguais, os prótons se repelem, assim como os elétrons. Desse modo, o núcleo atômico, formado por prótons, deveria, em princípio, se romper.
Para explicar a coesão do núcleo atômico, a ciência postula a existência de forças neutralizadoras da repulsão entre os prótons.
As primeiras explicações para as forças de coesão nuclear vieram em 1935, através do trabalho coordenado pelo físico japonês Hideki Yukawa (1907-1981). Ele propôs a existência de outras partículas, responsáveis por essas forças.
Estudos posteriores confirmaram a viabilidade do modelo proposto por Yukawa, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Física de 1949.
As partículas previstas por Yukawa foram chamadas de mésons. A pesquisa sobre mésons rendeu outro Prêmio Nobel de Física em 1979, que foi concedido aos norte-americanos Steven Weinberg e Sheldon Lee Glasgow e ao paquistanês Abdus Salam.
Os três cientistas propuseram o modelo teórico segundo o qual os mésons são formados por duas partículas ainda menores, os quarks e os antiquarks, que têm cargas elétricas diferentes.

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