São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997
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Diana não era nenhuma Jacqueline Kennedy

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

No dia da morte da princesa Diana, fui entrevistada por um repórter da Bandeirantes AM. Ele me perguntou sobre minha amizade de mais de duas décadas com o namorado da princesa, Dodi al Fayed, e também quis saber se eu achava que os paparazzi podiam ser responsabilizados pela morte dos dois. Respondi, curto e grosso, que não.
Vejamos: aos olhos do mundo, Jackie Kennedy era a "princesa Diana" da época anterior ao casamento de Diana com o príncipe Charles. Mas nunca teve problemas da magnitude dos que a princesa de Gales enfrentou com os fotógrafos que registravam cada passo seu.
Por que? Em primeiro lugar, porque Jackie não usava a mídia quando lhe convinha, para depois exigir que sua privacidade fosse respeitada.
A assessoria de imprensa de Jacqueline Kennedy era, também, mais competente do que o antiquado estilo de assessoria que administra a relação entre a mídia e os membros da família real britânica.
Basta ver o circo que se armou à época da separação de Charles e Diana. Ambos saíram falando feito matracas, quando qualquer especialista do ramo aconselharia boca de caçapa, discrição total.
Michael Jackson, Madonna e Elizabeth Taylor também sofrem todo tipo de assédio por parte da mídia. Mas conseguem manter relativa sanidade. Sabem que a fama tem um preço e que não estão livres para ir e vir quando lhes convém.
Diana, não. A princesa queria tudo: ser paparicada pelo público, usar a mídia quando fosse interessante para ela e fazer o que bem entendia, na hora em que desse na telha.
Há algumas semanas, a princesa declarou que tinha uma surpresa para revelar ao mundo. Vieram as fotos de Diana beijando Dodi al Fayed nos mares do Mediterrâneo.
Eu pergunto: por que fugir dos fotógrafos com aquela fúria, posto que o namoro era público e notório? Por que deixar que um motorista de hotel, acostumado a levar passageiros a passo de tartaruga, saísse correndo pelas ruas de Paris ao volante de um carro de duas toneladas e 380 hp?
Já que, naquela noite, ela fazia tanta questão de ter sua privacidade resguardada, não teria sido mais prudente ficar no hotel Ritz, em vez de promover aquela trágica corrida?
Quem tudo quer, tudo perde.

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