São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997
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Alca pode não sair do papel, diz Lampreia

Ministro elogia o Mercosul

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Luiz Felipe Lampreia (Relações Exteriores) disse ontem que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), programada para entrar em vigor em 2005, pode não ser implementada.
"É possível que a Alca não se concretize, que venha a não se realizar", afirmou o ministro em audiência na comissão especial da Câmara que discute o tema.
Lampreia listou três motivos que podem inviabilizar a criação da Alca: a "falta de acordo" entre governos, a "falta de disposição" interna dos EUA e a possível concretização de tratados comerciais mais amplos na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Essas possibilidades são reais", afirmou. Segundo o ministro, "a Alca só será realizada se forem dadas condições de equilíbrio" no comércio entre os países.
O ministro disse que a nova rodada de negociações dos países-membros da OMC, no ano 2000, pode inviabilizar a área de livre comércio das Américas, caso venham a estipular normas comerciais ainda mais abrangentes que as da Alca.
"Se prosperar essa idéia (de se discutir no ano 2000 uma legislação comercial mais abrangente), é difícil imaginar como se podem levar duas negociações ao mesmo tempo, a da chamada 'rodada do milênio', na OMC, e outra, como a da Alca", afirmou Lampreia.
A criação da Alca foi acertada em dezembro de 94, em uma reunião de presidentes nos EUA.
O governo dos EUA vem pressionando pela aceleração das negociações da Alca, tanto em relação a seus parceiros quanto ao próprio Congresso norte-americano. Entende que a Alca deve ter prioridade em relação ao Mercosul, com o que não concorda o Brasil.
"A Alca, se for malconduzida, pode gerar um quadro perigoso para a nossa economia", disse ele, elogiando o Mercosul em seguida.
Lampreia disse também que o governo não irá aceitar as barreiras impostas pelos EUA ao aço brasileiro. "Nossa paciência vai chegando ao limite", afirmou.
Lampreia disse que o Brasil irá tentar chegar a um acordo com os EUA nos próximos dias 17 e 18.
"Se não obtivermos o acordo, vamos pelos caminhos formais." Isso significa, disse, entrar com um processo contra os EUA junto à OMC.

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