São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997 |
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Receita, agora, corre atrás de Mendes
MÁRIO MAGALHÃES
Há cerca de um mês, a Receita instalou uma ação fiscal, por intermédio da qual faz um exame detalhado de declarações de renda do ex-dirigente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Mendes foi obrigado a apresentar documentos e recibos, além de responder a várias dúvidas dos fiscais sobre suas contas. A investigação da Receita, que também está fiscalizando dirigentes, clubes e entidades, é prejudicada pela lentidão com que o caso caminha em outras instâncias. Em 20 de maio, o juiz substituto da 13ª Vara Federal, Alexandre Libonati, determinou a quebra do sigilo bancário de Mendes. Até a semana passada, porém, segundo o procurador da República Paulo Fernando Corrêa, o BC (Banco Central) ainda não havia requerido aos bancos os extratos de Mendes nos últimos cinco anos. Motivo: a secretaria da 13ª Vara teria se esquecido de enviar ao BC o número do CPF do ex-chefe da arbitragem brasileira. Há dias, o CPF foi enviado. Sem os extratos da movimentação bancária e das aplicações financeiras (neste caso, a serem encaminhados por meio da Comissão de Valores Mobiliários), a Receita tem dificuldades para descobrir supostas irregularidades. Também no dia 20 de maio, a Justiça determinou a busca e apreensão das fitas mostradas pela TV Globo, nas quais Ivens Mendes supostamente teria acertado o recebimento de dinheiro. O pagamento teria sido feito por dirigentes de clubes -R$ 25 mil pelo presidente do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, e R$ 100 mil ("um, zero, zero", na gravação) pelo presidente do Corinthians, Alberto Dualib. Todos negam. A pedido do Ministério Público, as fitas (12) já deveriam ter sido periciadas por técnicos da Unicamp. A perícia, porém, só deve começar nesta semana, porque somente agora o Ministério Público liberou verba para o serviço, segundo o procurador Corrêa. No esforço para obtenção de dinheiro, ele chegou, segundo o advogado Luís Guilherme Vieira, a enviar ofício a Ivens Mendes pedindo ajuda para pagar a perícia. Mas o ex-dirigente da CBF, como sabe o Ministério Público, tenta na Justiça invalidar as fitas como prova, já que escuta telefônica, sem autorização judicial, é crime. O caso continua na esfera federal, e não no Ministério Público Estadual, por suspeita de armação de jogos da Loteria Esportiva, o que teria prejudicado uma empresa da União, a Caixa Econômica Federal, promotora da loteria. Nenhum indício de escalação de árbitro para interferir em resultado foi encontrado até agora. Texto Anterior: O que ver na TV Próximo Texto: Acusado tenta provar grampo Índice |
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