São Paulo, quarta-feira, 3 de setembro de 1997
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Rússia multa tripulação da Mir por acidente de junho

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A direção do programa espacial russo declarou ontem que os cosmonautas Vassili Tsibliev e Alexander Lazutkin são responsáveis pela colisão da estação espacial Mir com uma nave de carga não tripulada em 25 de junho.
O veredicto foi divulgado pelo ex-cosmonauta Valeri Riumin, coordenador do programa conjunto Mir-Nasa (agência espacial dos Estados Unidos).
O acidente foi considerado o mais grave ocorrido com a estação orbital Mir nos seus 11 anos de operação.
Em um informe de tom crítico, Riumin disse que a conclusão sobre a culpa atribuída aos dois ex-tripulantes da Mir "está além de qualquer dúvida" e foi decidida por uma comissão "após exaustiva análise dos dados da missão".
"Pessoalmente, lamentamos pelos rapazes, mas fatos são fatos", disse o dirigente.
Apesar do caráter taxativo de suas declarações, Riumin não informou qual teria sido o erro cometido pelos dois cosmonautas durante a manobra de acoplagem da nave-cargueiro Progress M-34 com a Mir.
A pena dos dois ex-tripulantes da Mir deverá ser aplicada na forma de multa a ser debitada da remuneração prevista em contrato, segundo Riumin, que não especificou os valores.
Tsibliev, que comandou a missão, e o engenheiro Lazutkin permanecem em quarentena até sexta-feira, se recuperando fisicamente dos efeitos no organismo da permanência de seis meses em órbita da Terra.
Ambos retornaram à Terra em 14 de agosto, poucos dias após o presidente da Rússia, Boris Ieltsin, tê-los acusado de ser os responsáveis pela colisão.
"Sempre procuram um bode expiatório", disse Tsibliev à imprensa pouco depois de retornar à Terra. Na ocasião, ele e seu colega Lazutkin afirmaram que desejavam continuar na carreira espacial e retornar à estação orbital.
A permanência dos dois a bordo da Mir foi marcada por várias situações de emergência. Tsibliev chegou a desenvolver uma arritmia cardíaca, já superada.
A colisão com a nave-cargueiro Progress M-34 provocou perfuração do módulo Spektr, um dos seis integrados à Mir, causando imediata despressurização. Também houve danos nos painéis solares, que captam energia do Sol, provocando perda de 40% das reservas de energia.
Ontem, a bordo da Mir, o russo Anatoli Soloviov e o norte-americano Michael Foale treinavam para o passeio espacial previsto para sábado, em que ambos deverão verificar os danos causados pelo acidente de junho.
O outro tripulante russo, Pavel Vinogradov, deverá permanecer a bordo da Mir durante a saída dos dois ao espaço.
A saída deverá durar cerca de duas horas, segundo o Centro de Controle de Vôos Espaciais da Rússia. As reservas de oxigênio dos equipamentos dos tripulantes permitem uma autonomia máxima de sete horas.

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