São Paulo, quinta-feira, 4 de setembro de 1997
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PF indicia professor por explosão

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O professor Leonardo Teodoro de Castro, 58, foi indiciado ontem pela Polícia Federal sob a acusação de ter provocado a explosão no interior do Fokker-100 da TAM no feriado de 9 de julho. Esse foi o primeiro atentado a bomba da aviação brasileira.
Castro, que permanece internado em estado grave na UTI do Hospital São Paulo, era um dos 55 passageiros do vôo 283, que fazia a rota Vitória (ES)-São Paulo, com escala em São José dos Campos.
Ele foi indiciado sob acusação de ter praticado os crimes de explosão -agravada por ser no interior de um avião-, homicídio, tentativas de homicídio e lesões corporais contra passageiros e tripulantes. Todos na modalidade dolosa (com intenção).
O acidente provocou a morte do engenheiro Fernando Caldeira de Moura, ejetado a uma altitude de 2.400 metros quando o avião sobrevoava Suzano, na Grande São Paulo. A PF não conseguiu estabelecer os motivos que levaram Castro a explodir a bomba.
O advogado Tales Castelo Branco, que defende o professor, considera absurda a decisão de indiciar o seu cliente. Segundo ele, "nenhuma injustiça será perdoada".
O inquérito policial, com as provas contra o professor, deve ser entregue hoje à tarde ao juiz da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal, Marco Aurélio de Melo Castriani.
Ao todo, a PF afirma ter reunido sete provas contra o suspeito. Todos os elos de ligação de Castro com a explosão, segundo a polícia, foram encontrados durante vistorias em seu apartamento -foram feitas duas, uma em companhia de técnicos da Aeronáutica e em uma mala encontrada no avião.
Um dia após a primeira dessas vistorias, Castro foi atropelado por um ônibus no corredor Santo Amaro. A polícia suspeita que ele tenha tentado se matar.
Pelo menos três das provas, segundo a PF, indicam que Castro fabricou a bomba em seu apartamento. No local, foram recolhidos resíduos dos três elementos usados na confecção do artefato -um deles é o nitrato de amônia.
Os mesmos resíduos foram encontrados em uma luva, provavelmente usada para manipular os elementos durante a fabricação. Além disso, uma fita adesiva idêntica à utilizada para confinar a bomba também foi achada no apartamento.
Na mala, a PF encontrou um par de óculos e uma caixa de papelão com a inscrição "protótipo" datilografada. Em seu depoimento à polícia, considerado muito confuso, Castro reconheceu o par de óculos como seu. No entanto, negou que fosse dono da pasta.
Na primeira das buscas no apartamento do professor, a polícia apreendeu uma máquina de escrever da marca Olivetti. Exames mecanográficos confirmaram que a inscrição "protótipo" da caixa de papelão foi escrita com a máquina apreendida.
Pela versão da PF, Castro, que embarcou no avião em São José dos Campos, colocou a bomba embaixo da almofada da poltrona 18D poucos minutos após a decolagem. O professor, que tinha passagem para a poltrona 3C, estava sentado no banco 17C.

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