São Paulo, quinta-feira, 4 de setembro de 1997
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Falta de cinto dá início à perseguição no centro

ANDRÉ MUGGIATI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de se recusar a usar cinto de segurança, atropelar um marronzinho (fiscal de trânsito) duas vezes, ultrapassar sinais vermelhos, dirigir pela contramão, causar pânico em manifestação de funcionários da Encol e dar um tiro nas costas de um motociclista, o mecânico de elevadores Amaury Soares da Silva, 28, foi preso em flagrante, ontem de manhã.
Silva, que ainda dirigia sem habilitação, se recusou a dar entrevista e a prestar depoimento à polícia.
O programador João Luís Rodrigues, que levou o tiro nas costas, está internado na Santa Casa, foi operado e passa bem.
Cinto
Segundo a polícia, tudo começou no largo do Arouche (centro), porque Silva teria se recusado a colocar o cinto de segurança, ao ser abordado por dois marronzinhos.
Ele teria xingado os fiscais e arrancado com seu carro, um Monza, ultrapassando um sinal vermelho. Ao sair, atropelou pela primeira vez o marronzinho Roberto Gargini, que estava em sua moto.
Gargini levantou-se, montou na moto e, acompanhado por um colega, começou a perseguir Silva.
O mecânico seguiu em alta velocidade rumo à rua Barra Funda, onde entrou na contramão. No trajeto, bateu em três carros que vinham em sua direção.
Silva tentou, então, dobrar à esquerda na rua Brigadeiro Galvão, outra contramão.
Ao dobrar, prensou o motociclista Rodrigues, que dirigia uma Mobilete, contra um carro.
Os dois vinham pela mão correta de direção.
Silva deu marcha à ré e voltou para a rua Lopes de Oliveira. Rodrigues desceu da Mobilete e começou a perseguir o Monza a pé.
Na esquina seguinte, o tráfego estava lento, devido à manifestação contra a Encol, na rua Oscar Thompson.
Silva jogou seu Monza para cima dos marronzinhos da CET, que estavam pedindo ajuda à PM.
Foi quando o mecânico atropelou o marronzinho Gargini pela segunda vez. Gargini sofreu apenas ferimentos leves e passa bem.
Tiros
Nesse momento, o motociclista conseguiu alcançar o Monza de Silva, pegou uma barra de aço que estava no chão e quebrou o pára-brisas do Monza de Silva.
Silva então sacou um revólver calibre 38 e, de dentro do carro, deu vários tiros, causando pânico nos manifestantes. Um dos tiros atingiu Rodrigues nas costas.
Silva fugiu a pé pela avenida São João, onde foi preso por cinco PMs, ao tentar entrar em um prédio onde trabalhava.
Ele foi preso acusado de tentativa de homicídio, causar risco à vida de outras pessoas, porte ilegal de arma, dirigir sem habilitação, resistência à prisão e causar danos ao patrimônio público (a moto do marronzinho).

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