São Paulo, quinta-feira, 4 de setembro de 1997
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Encol faz empresas mudarem marketing

FÁTIMA FERNANDES
MAURO ARBEX

FÁTIMA FERNANDES; MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

Estratégia deixa de enfocar apenas o preço e as condições de pagamento e se volta para a solidez da construtora

O setor imobiliário decidiu reestruturar toda a sua estratégia de marketing e de vendas depois da crise da Encol.
Novas campanhas publicitárias estão sendo preparadas às pressas pelas grandes imobiliárias e construtoras de São Paulo para enfrentar o cliente mais cauteloso na hora de adquirir um imóvel.
A nova estratégia de marketing é passar ao consumidor muito mais uma imagem de segurança e solidez na compra do que bons preços e boas condições de pagamento.
As empresas estão também intensificando o treinamento de seus corretores e apelando para uma nova abordagem ao cliente que procura os estandes de venda.
"Estamos vivendo um momento de furacão no mercado imobiliário", afirma Sérgio Vieira, vice-presidente da Coelho da Fonseca, uma das imobiliárias que mais investem em publicidade no país.
Só no ano passado, os gastos da empresa somaram cerca de US$ 50 milhões, conforme levantamento feito pela Nielsen.
A Coelho da Fonseca aguarda uma definição mais clara de como ficará o mercado imobiliário -após a crise na Encol- para lançar novas campanhas.
Mas já iniciou há uma semana um trabalho de treinamento intensivo de seus 250 corretores, municiando-os de detalhes sobre as obras -desde o incorporador e o construtor até os fornecedores de materiais. "Esse reboliço causado pela Encol tornou o cliente muito mais exigente", diz.
A Rossi Residencial, grande construtora do país, lançou há uma semana uma campanha nos jornais na qual destaca a importância de o cliente selecionar a empresa antes de adquirir um imóvel.
A Rossi, que deve faturar neste ano cerca de R$ 200 milhões, investe tradicionalmente cerca de 4% de sua receita em publicidade. Neste ano, os investimentos devem chegar a R$ 10 milhões.
Um dos destaques de um dos anúncios da empresa, publicado ontem nos jornais, é a série de dicas dos cuidados que o consumidor deve ter antes da compra de um imóvel, como pedir o balanço da empresa, ver a cópia do projeto aprovado na prefeitura etc.
"Antes, a principal preocupação do consumidor era com o preço. Agora, busca mais a segurança", diz José Paim de Andrade, diretor-superintendente da Rossi.
Vendas
Há três meses a imobiliária Itaplan decidiu elaborar um folheto institucional da empresa para acompanhar os folhetos que informam sobre os seus lançamentos, informa Fábio Rossi Filho, diretor.
A concorrente Fernandez Mera já lançou o que denomina de venda pró-ativa, na qual o corretor vai em busca do cliente até em escritórios, conta José Roberto Dalcon, diretor. Ele diz que a ação não é reflexo do caso Encol.
Para Gabriel Zellmeister, diretor de criação da W/Brasil -agência responsável pela campanha da Rossi-, a crise da Encol provocou "uma instabilidade muito grande nas pessoas e deve levar a uma mudança no conteúdo dos anúncios".
Paim de Andrade, da Rossi, reconhece que as vendas da empresa foram prejudicadas em algumas cidades do interior. "Em Campinas (SP) e em Uberlândia (MG), estamos com problemas."
Para essas cidades, a W/Brasil está preparando uma campanha de emergência. Para o diretor da W/Brasil, a crise na Encol deve reduzir os gastos do setor com publicidade. Em 96, conforme a Nielsen, as empresas gastaram US$ 886 milhões, 68,4% a mais do que no ano anterior (US$ 526 milhões).
"No máximo, os investimentos serão mantidos, mas podem até mesmo ter uma queda", diz Zellmeister. As causas seriam a saída da Encol e de pequenas construtoras do mercado.

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