São Paulo, sexta-feira, 5 de setembro de 1997
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Para PF, professor tentou outras explosões

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O professor Leonardo Teodoro de Castro, apontado pela Polícia Federal como o responsável pelo primeiro atentado a bomba da aviação brasileira, já teria tentado explodir um avião em outras ocasiões.
A opinião é do delegado Pedro Sarzi Júnior, presidente do inquérito que apurou a explosão no interior do Fokker-100 da TAM. O acidente, no dia 9 de julho, provocou a morte do engenheiro Fernando Caldeira de Moura, ejetado a uma altitude de 2.400 metros.
Castro, que permanece internado em estado grave na UTI do Hospital São Paulo, era um dos 55 passageiros do vôo 283, que fazia a rota Vitória (ES)-São Paulo, com escala em São José dos Campos. Ele foi indiciado anteontem por homicídio doloso (intencional), agravado por uso de explosivo, e tentativas de homicídio doloso, agravadas pela presença de menores de idade no avião.
Segundo Sarzi Júnior, "tudo leva a crer" que o professor tenha tentado cometer o crime em outras ocasiões. A hipótese seria baseada no histórico de Castro.
Em dezembro do ano passado, ele adquiriu 13 apólices de seguro de vida. Antes do vôo 283, no qual embarcou em São José, Castro viajou de avião pelo menos em outras três ocasiões (18 de janeiro, 5 e 12 de abril deste ano). Todas em um sábado, com destino a São Paulo e embarque às 7h em Ribeirão Preto.
As suspeitas aumentaram, segundo a PF, após a análise de uma das provas que ligam Castro à explosão no Fokker-100: uma etiqueta branca, que estava colada em uma caixa de papelão utilizada para transportar a bomba, com a inscrição "protótipo" datilografada. Exames mecanográficos mostraram que a inscrição havia sido datilografada há algum tempo.
Um perito que analisou o material recolhido no apartamento do professor acredita que tanto a etiqueta como a bomba tenham sido confeccionadas pouco tempo depois da compra das apólices.
"Ele já tinha o artefato pronto há mais tempo e, possivelmente, a intenção de cometer o crime também. Não o fez não se sabe o motivo", afirmou Sarzi Júnior.
Apesar disso, a PF não conseguiu estabelecer há quanto tempo Castro teria essa intenção. Nem os motivos que o levariam a colocar a bomba no avião. Isso só seria esclarecido após novo depoimento do professor.
No entanto, Castro está internado em estado grave desde 12 de julho. Ele foi atropelado por um ônibus um dia após ter o seu apartamento revistado por agentes federais. A PF suspeita que ele tenha tentado se matar.

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