São Paulo, sexta-feira, 5 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com deflação, taxa anual cai para 4,6%

Inflação negativa foi de 0,76% em agosto

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Os preços continuam caindo em São Paulo, mas em ritmo menor do que o registrado nas semanas anteriores. Em agosto, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) registrou deflação -ou seja, queda nominal dos preços- de 0,76%. Na terceira quadrissemana, a queda havia sido de 0,88%.
A deflação de agosto é a maior taxa mensal negativa desde junho de 1957 (menos 0,98%). Com a deflação do mês passado, a taxa acumulada nos últimos 12 meses recuou para 4,65%, a menor desde os 3,7% de dezembro de 1950.
A inflação deste ano deve ficar próxima a 4,5%, segundo o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, Heron do Carmo. Em 98, a queda dos preços deve continuar, com alternâncias de taxas mensais positivas e negativas. São Paulo deve ter inflação de padrão internacional no próximo ano, com a taxa ficando próxima a 3%, diz Heron do Carmo.
Apesar da queda contínua dos preços em São Paulo, o economista da Fipe diz que "estamos longe de qualquer processo recessivo". O direcionamento da economia mudou, saindo dos bens duráveis para a construção civil, bens intermediários e obras no setor público, afirmou.
Essa nova realidade exige, inclusive, aprimoramento nos índices de preços. A Fipe já começa a planejar uma dessazonalização no seu, o que poderá ocorrer em dois anos.
A dessazonalização serve para evitar fortes influências de fatores sazonais nos índices. Liquidação de vestuário, por exemplo, é um fator sazonal. Pelo menos 64% da taxa de deflação de agosto se deve a vestuário.
Alimentos
A deflação de agosto não atingiu o 1% previsto inicialmente pelos técnicos da Fipe devido à perda de ritmo de queda nos setores de alimentos semi-elaborados e de produtos "in natura". Os alimentos caíram, em média, 1,42%. Na terceira quadrissemana, tinham caído 1,65%.
Os custos com habitação, principal item de peso na composição do índice após alimentos, subiram 0,53%. A pressão veio de aluguéis (mais 1,04%), que tradicionalmente sobem nesta época do ano devido à concentração de renovação de contratos. Os serviços públicos, devido ao efeito de algumas tarifas, também forçaram a alta média dos preços nesse setor.
A principal queda no mês ficou com vestuário. As liquidações derrubaram os preços em 5,44% no mês. As roupas de criança (-7,6%) e as de mulher (-7,2%) lideraram as quedas.

Texto Anterior: Para Lampreia, há discriminação
Próximo Texto: BC liquida consórcios do interior paulista;
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.