São Paulo, domingo, 7 de setembro de 1997
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"Facility manager" é um super-homem

DANIEL DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

O "facility manager" (gerente de recursos prediais), que tem o status de super-homem em muitas multinacionais dos Estados Unidos, começa a ganhar espaço no mercado de trabalho brasileiro.
Mas, afinal, quais são os superpoderes desse gerente? Os mais variados e inimagináveis. Carlos Herkoltz, 56, "facility manager" do Banco de Boston no Brasil, diz que é esse profissional quem dá "todo o suporte físico à empresa".
"'Facility', em português, significa instalação, e 'manager', gerente. Por isso ele é encarregado de gerenciar desde o papel higiênico que está sendo usado em Porto Alegre até a instalação de uma agência na região Norte do país."
Responsável pelas 35 agências do banco espalhadas pelo Brasil, Herkoltz conta que é preciso ser um pouco de tudo ao mesmo tempo: equilibrista, malabarista e mágico. "Tudo tem de ser para ontem."
Ricardo Aronovich, presidente do Comitê de Normatização de Ambiente de Trabalho e criador da IFMA-Brasil (equivalente à Associação Brasileira de Gerenciamento de Recursos Prediais), diz que o profissional precisa enxergar as soluções de uma forma global.
"Para solucionar os problemas de sua empresa da maneira mais rápida possível, o 'facility manager' conta com um banco de dados mundial e alguns softwares específicos para a área, como 'Archbus', 'Giza' e 'Facilities Wizard'."
Esse profissional deve pensar em tudo não só a curto, mas também a médio e longo prazos. Sua função pode ser melhor entendida tomando como exemplo um projeto: a mudança de uma empresa de um determinado local para outro.
Antes de iniciar o processo, é preciso planejar a nova ocupação, explica Eneida Lima do Nascimento, 30, engenheira civil, desenhista industrial e diretora da C. Facility, empresa de consultoria na área.
"É preciso analisar três áreas principais: a empresa, o usuário e o mercado. É também conhecer o fluxo do projeto do início ao fim."
Por meio de softwares, faz-se uma radiografia do organograma (quadro que indica a divisão e distribuição de cargos) da empresa.
Daí, analisa-se a distribuição do espaço físico atual e cria-se várias hipóteses de novas distribuições -que sejam preferencialmente melhores do que as atuais.
Parte-se então para o orçamento e a negociação de equipamentos e materiais necessários. Sem esquecer de levantar eventuais problemas, apresenta-se o projeto final.
"É bom que fique claro que não foram esmiuçados detalhes como as partes elétrica, hidráulica, arquitetônica e até ergonômica."
E, para quem pensou, que o trabalho chegou ao fim, resposta errada. "Uma das funções dele é manter o bom funcionamento do projeto implantado", garante Aronovich, "mesmo com o surgimento de vários imprevistos".
Na avaliação de Cláudia Miranda de Andrade, 36, consultora da Saturno Planejamento e Arquitetura, é nessa hora que o gerente precisa da credibilidade da empresa.
"Muitas vezes, você encontra resistência. As pessoa acham que não é preciso planejar; querem apenas 'apagar o incêndio', e não reconstruir", exemplifica.

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