São Paulo, segunda-feira, 8 de setembro de 1997
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Emerson e filho caem de ultraleve

DA REPORTAGEM LOCAL; DA FOLHA RIBEIRÃO

O piloto Emerson Fittipaldi, 50, bicampeão mundial de F-1 (1972 e 1974), e campeão da Indy (1989), ficou cerca de 11 horas desaparecido ontem na região de Boa Esperança do Sul (305 km a noroeste de São Paulo).
Acompanhado por um de seus filhos, Luca, 6, Emerson saiu de sua fazenda, "Fitti", por volta das 11h num ultraleve para sobrevoar a região.
Segundo a polícia, o aparelho caiu às 12h e só foi localizado por volta das 22h, por uma equipe do Corpo de Bombeiros, próximo ao rio Jacaré, que faz divisa de sua fazenda com um sítio vizinho.
Na fazenda "Fitti", Emerson cultiva cerca de 750 mil pés de laranja.
Três horas e meia antes de o piloto ser encontrado, sua mulher, Tereza, havia procurado a Polícia Militar de Araraquara (282 km a noroeste de São Paulo) para denunciar o desaparecimento do marido.
O ultraleve de Emerson se chocou contra um morro e, na queda, o piloto machucou a perna esquerda e cortou a testa.
Cerca de 25 pessoas estiveram envolvidas na operação de resgate do piloto. Ele estava num morro na mata da própria fazenda, num local de difícil acesso, uma espécie de brejo.
Os bombeiros que chegaram ao local disseram que ouviram gritos de Emerson. Ele dizia que havia quebrado a perna e que seu filho estava bem.
Luca foi resgatado às 23h30, com ferimentos leves.
Os primeiros socorros a Emerson foram prestados por volta de 23h35 no local do acidente.
Pouco depois, Emerson foi removido para a sede da fazenda.
Segundo Antônio Luiz Comper, amigo da família e que acompanhou o resgate, o acidente foi causado por uma falha no motor do ultraleve.
Wilson Fittipaldi aguardava com um avião, em Jundiaí (60 km a noroeste de São Paulo), um comunicado da equipe de resgate para saber se seria necessário transportar o irmão para um hospital da capital paulista.
O sobrinho de Emerson, Christian Fittipaldi, declarou que há cerca de dez anos o tio, ao pilotar um ultraleve em Angra dos Reis (RJ) fez uma manobra arriscada e quase se chocou contra uma montanha, assistido por toda a família.
Tempo de vôo
A autonomia de vôo de um ultraleve, tempo limite que o avião consegue permanecer no ar, é de cerca de quatro horas.
Isso significa que Emerson e o filho ficaram, no mínimo, sete horas esperando socorro.
Emerson tem certa experiência na pilotagem de aviões de pequeno e médio porte. Ele costuma dirigir seu próprio aeroplano.
O piloto está afastado dos autódromos desde julho de 96.
Naquele mês, o piloto teve um grave acidente durante as 500 Milhas de Michigan, fraturando a sétima vértebra e tendo o pulmão esquerdo parcialmente paralisado.
Depois disso, Emerson chegou a cogitar a possibilidade de abandonar o automobilismo.
Mas mudou de idéia e voltou a pilotar -um Penske 96- no último dia 20 de junho, no Festival de Goodwood (tradicional feira de automóvel da Inglaterra), dando voltas de exibição no circuito e encerrando um período de 11 meses afastado das pistas.
Antes disso, em maio, Emerson pilotara o pace car na Rio 400 (prova da Indy).
Na próxima quarta-feira, dia 10 de setembro, o brasileiro completará 25 anos de seu primeiro título mundial na F-1, que conquistou ao vencer o GP da Itália, em Monza.
Em novembro passado, ainda em dúvida se voltaria a correr, Emerson realizou uma grande festa em Miami (EUA), para comemorar seu aniversário de 50 anos.
Ele recebeu cerca de 500 pessoas na lanchonete-restaurante Planet Holywood, de propriedade de vários astros do cinema.
O escocês Jack Stewart, um dos maiores rivais de Emerson na F-1 e hoje dono da equipe que leva seu nome, disse que as conquistas dele serviram de estopim para o bom desempenho de outros brasileiros no automobilismo.
"Não fosse ele, não teríamos que aturar esses jovens pilotos brasileiros que vivem aparecendo", afirmou Stewart.

Colaborou a Folha Ribeirão

LEIA MAIS sobre o acidente de Emerson Fittipaldi na pág 3-9

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