São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Filho ensinou o pai a jogar xadrez
AURELIANO BIANCARELLI
Ives adorava figurinhas, videogame e xadrez. A mãe disse que ele mesmo ensinou o pai a jogar e os dois brincavam todas as noites. "Era o mais inteligente, o mais doce, o mais amigo", dizia o pai. "Por que foram matá-lo? Deram dois tiros na cabecinha dele sem que ele soubesse de nada." Enquanto os coveiros fechavam com tijolos a gaveta de Ives, o avô Tokosuki Ota agachou-se diante do jazigo, tirou os óculos e ficou olhando lá dentro. Depois levantou-se em silêncio. A avó Haruo Ota soluçava baixinho. "A polícia matou meu menino", dizia. O tio de Ives, Antonio Carlos Kaio, subiu no túmulo e falou em nome da família. "Durante mais de 12 dias, nós todos perguntamos onde ele poderia estar. Deus não nos deu essa informação. Não é hora de perguntarmos por quê. Ives vai virar um anjo para proteger nossas crianças, para que elas possam brincar nas praças e ruas." Soichi Takara, amigo do avô, subiu no mesmo túmulo e pediu pena de morte para os culpados. A porta do jazigo foi fechada às 16h50, enquanto as pessoas cantavam o Hino Nacional. "Papai vai voltar aqui para te ver, meu filho", despediu-se o pai. Texto Anterior: FRASES Próximo Texto: Pai diz não acreditar na polícia Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |