São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 1997
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Corpo foi enterrado embaixo de berço

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Ives Yoshiaki Ota, 8, foi morto com dois tiros na cabeça, provavelmente na tarde de sábado, antes que os sequestradores mantivessem qualquer contato com sua família. A afirmação é do delegado Maurício Guimarães Soares, titular da Delegacia Especializada Anti-Sequestro (Deas).
O corpo do estudante só foi encontrado na noite de anteontem, enterrado no quarto da casa onde o motoboy Silvio da Costa Batista vivia com a mulher e a filha, em Itaquera (zona leste).
Mas, pelos exames necroscópicos, os legistas do IML afirmaram que ele estava morto havia pelo menos oito dias.
Mesmo após a morte do garoto, os sequestradores continuaram extorquindo a família, exigindo dinheiro para que Ives fosse libertado. O primeiro contato aconteceu na noite de sexta-feira e a extorsão só cessou após a prisão de Batista, na tarde da última sexta-feira.
No local onde Ives foi enterrado ficava o berço da filha de Batista, Hillary de Cássia, 2.
Após o corpo ser enterrado, possivelmente na noite de sábado, o berço foi recolocado no local, em cima da sepultura. A menina continuou dormindo no local até sexta-feira, quando, segundo vizinhos, ela e sua mãe, Cássia, foram vistas pela última vez.
A polícia suspeita que Cássia também possa estar envolvida no crime. Não há nenhuma evidência de que ela tenha participado do sequestro e do assassinato. Mas há suspeita de seu envolvimento na ocultação do corpo. Até ontem à noite, ela e a filha não haviam sido encontradas pela polícia.
Motivos
Para a polícia, há dois motivos para os sequestradores terem matado Ives. Um deles é diretamente ligado ao local do cativeiro, que fica no fundo de uma vila com três casas. Como o garoto teria chorado muito e chamado a atenção dos vizinhos, eles teriam decidido matá-lo para não serem denunciados.
Outro motivo seria a grande probabilidade de o garoto reconhecer os dois policiais militares que estariam envolvidos no sequestro, pois eles trabalhavam com seu pai havia pelo menos seis anos.
Se ele fosse libertado, poderia denunciar os acusados à polícia.
Na casa, a polícia apreendeu um silenciador e um pente com dois tiros disparados.
Os moradores da vila onde fica a casa de Batista ficaram surpresos com sua participação no sequestro e assassinato.
O aposentado Adelfino Alves de Andrade, 63, afirmou que a família do motoboy era muito discreta e nunca deu problemas.
"Ele sempre pagou o aluguel em dia e nunca trouxe bandidos para a vila. Era um ótimo vizinho", declarou.

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